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Pedro Chagas Freitas confessa: "Ontem chorei muito"

No Instagram, Pedro Chagas Freitas partilhou uma emotiva reflexão.

Como vem sendo hábito, Pedro Chagas Freitas usou o Instagram para partilhar um dos excertos do livro Hospital de Alfaces. Desta vez, o escritor começou por confessar: "Ontem chorei muito."

"A vida atirou-me porcarias, cuspo, lixeira, à cara. É isso o que ela faz, a cabra; também é ela que me dá as pessoas que eu amo, a maravilhosa. Gosto tanto da vida, e ela dá cabo de mim, e eu gosto tanto dela, porra", considerou Pedro Chagas Freitas.

"Ontem chorei muito. Havia em mim uma revolta triste, talvez a pior das revoltas, mas a melhor das tristezas. A tristeza revoltada está viva: quer continuar, não sabe como. Persiste porque respira, subsiste porque procura. Dói. Dói muito. Faz perceber as merdas que às vezes somos, fazemos, dizemos. Não gosto nada de ser uma pessoa que magoa, mas magoo ainda, mais do que devia, cada vez menos, espero, tenho a certeza", continuou o escritor, acrescentando: "O que mais pretendo na vida é ser cada vez menos alguém que magoa os outros, mesmo que sem querer."

"Acho que é o grande objetivo de uma existência, de todas as existências. Tento. Ainda sou demasiado incapaz de sair de mim para o outro a todas as horas. Ainda tenho um ego, uma seriedade interna, que me afasta da boa pessoa que posso ser. Ainda sou um quase-eu, parece-me. Saio cada vez mais desse quase. Tenho de sair muito mais. Quero deixar de ser isto, quero deixar de ser este, para ser quem quero ser. O que somos não é; vai sendo. O que somos é o que formos capazes de ser. Vivo para mexer no que não pode continuar, no que não posso continuar. Não somos uma pessoa, somos muitas. Quero escolher a que me faz melhor, e por isso fará melhor aos outros", prosseguiu Pedro Chagas Freitas.

No final, o escritor assumiu: "Sou um criador de erros. Pode muito bem ser isso um ser humano que eu queira ser. Não serei um santo, não serei um vencedor, não serei um génio imaculado, um senhor da perfeição. Serei um criador de erros. Alguém que falha com a dignidade de quem pelo menos tentou. Os meus erros são a minha biografia. O sucesso é um acidente; o erro é o método. Sou um criador de erros: deve ser isso a liberdade possível. O erro não me envergonha; melhora-me. Eis-me todo."

 

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