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"Benjamim, gostavas de ir para casa?": a surpreendente resposta do filho de Pedro Chagas Freitas

No Instagram, o escritor Pedro Chagas Freitas partilhou uma marcante conversa que teve com o filho, Benjamim, que continua internado após um transplante de fígado.

"- Benjamim, gostavas de ir para casa?", questionou Pedro Chagas Freitas ao filho, Benjamim, de seis anos, que continua internado, após ter sido submetido a um transplante de fígado, antes de revelar a surpreendente resposta do menino: "- Não. Em casa não tenho os meus amigos daqui."

"Os hospitais não são para crianças. Não devia haver nenhuma internada, nenhuma merece passar por esta experiência, que mexe com tudo, que refunda todos os dias quem somos. Mas este hospital, nos últimos dias, tem sido um arraial de pândega, um ninho de forrobodó. Vivemos num hospital de brincar, por mais que estejamos aqui pelo motivo mais sério de todos", contou o escritor, na mais recente partilha que realizou no Instagram, rede social na qual, diariamente, vai atualizando os seguidores acerca da evolução do filho.

"Encontraste dois ou três amigos. Digo 'encontraste' porque é assim mesmo com aquilo que nos faz felizes: é uma descoberta. É como se a vida, com essas pessoas, fosse mais fácil. É. Encontraste dois ou três amigos que partilham esta realidade contigo. Têm os mesmos tubinhos, ou quase; tomam os mesmos medicamentos, ou quase; têm todos um fígado novo desenhado em cicatriz na pele. Não é isso o que os define, como não é isso o que te define. O que nos define não são as cicatrizes, nunca são; às vezes as cicatrizes só servem para termos uma grande história para contar. Tu e os teus amigos têm. Vão ter também algumas pequenas histórias, tão bonitas, tão emocionantes, como a grande. Vão contar a história do grupo de meninos da 'Rua dos Transplantados' que, de cicatriz na barriga, com cateteres e drenos espetados na carne, conseguiram descobrir o caminho para a alegria, entre adultos assustados (os pais que seguram nesses tubinhos todos), de coração apertado, mas felizes, dentro do que a felicidade aqui pode ser", continuou Pedro Chagas Freitas.

"'- Vais sair do Hospital? Não sabes o que vais perder.' Dizes a cada enfermeiro, a cada assistente, a cada médico, que sai do turno e não vai ter a oportunidade de apreciar as danças, os jogos, as brincadeiras que depois do jantar, e antes de saborearem o Epá ou o Calipo, tu e o teu gangue de boas pessoas, de pessoas lindas, de pessoas que nos mostram que ser feliz às vezes é mesmo uma opção, vão espalhar por aqui", acrescentou o escritor, antes de rematar: "Os meninos à volta da fogueira aprendiam coisas de sonho e de verdade; os meninos à volta da doença são eles mesmos o sonho, e sobretudo a verdade."

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