"A Fazenda" marca um regresso..
Às novelas, sim. Regresso às novelas dez anos depois.
Como recebeu o convite?
Recebi com muita vontade de me testar, porque as novelas têm um ritmo alucinante e, a certa altura, fiz uma escolha muito consciente: queria viver os meus filhos, viver o teatro e uma série de coisas.
Quantos anos têm eles agora?
A Alice tem 11 e o André tem seis. Mas este é um regresso com muita vontade de fazer, numa casa que ainda não conheço. É a primeira vez que estou a trabalhar com a TVI. Estou muito entusiasmada.
É bom sentir algo novo, ao fim de tantos anos de carreira?
É ótimo. Procuro sempre desafios. Gosto muito de me desafiar e de sair da minha zona de conforto. Para mim, é sempre um prazer conhecer equipas novas. Adoro esta sensação de novo projeto, de grande aposta... Estou num elenco incrível, com gente com quem me costumo cruzar no teatro. Portanto, foi um gosto imenso perceber o núcleo em que fiquei. Contraceno muito com a Rita Cruz, a Cintia Semedo, o Hoji Fortuna, a Soraia Tavares... Hei de contracenar também com o Diogo Infante, a Dalila Carmo, a São José Correia, a Kelly Bailey, a Margarida Corceiro... Só gente com quem gosto muito de estar e de quem gosto de ver o trabalho, portanto, sinto-me muito bem acompanhada.
Já pode levantar o véu da sua personagem?
É uma personagem sensata, mas cheia de vida e enérgica. Chama-se Weza. Tenho filhos incríveis e uma irmã terrível, que vai dar-me muito trabalho. Está a dar-me um prazer gigantesco fazer.
A personagem é parecida consigo?
É mais refilona e mais metediça do que eu. Eu costumo ficar mais a observar, na retaguarda, e, quando me solicitam a intervenção, aproximo-me. Ela não, ela vai à frente com tudo.
Já se habituou ao ritmo de gravações?
Estou habituada, até porque a minha vida é muito intensa - entre teatro, estúdios de gravação, locuções, dobragens, miúdos, mil projetos que vou tendo de gerir... Estou muito habituada a um ritmo de trabalho intenso. Já não estava era habituada a tanto tempo de espera entre as cenas, mas tem sido ótimo, porque tenho imensa coisa para ler.
Está completamente dedicada à novela?
Faço a direção do Teatro Municipal Amélia Rey Colaço, em parceria com Tiago Fernandes. A companhia de atores é um projeto do qual não me posso demitir, nem quero, obviamente. Também estou a escrever episódios de uma série e estou a preparar uma peça para, em dezembro, começarmos os ensaios.
Como se faz tanta coisa ao mesmo tempo?
Aproveitando muito bem as horas de espera entre uma coisa e outra e, de vez em quando, ficando a dever umas horinhas à cama. Mas vale a pena. São tudo coisas que faço com muito gosto.
E porque "A Fazenda" é uma novela diferente?
Eu diria que é uma novela que não se vai fazer sentada. Vai requerer muita energia de quem a faz, de quem a capta e de quem a vê. Há muita coisa a acontecer. Os núcleos têm quase uma linguagem de série. Há sempre coisas a acontecer, novas histórias a abrir e a fechar no mesmo episódio. É muito dinâmica. Mesmo a realização, está a ser feita de uma forma incrível. Não há cenas sentadas. Há muita energia de quotidiano, de vida real... Estou muito, muito, muito satisfeita.
Podemos dizer, ainda assim, que a prioridade está no teatro?
Na verdade, a minha prioridade é sempre escolher os melhores projetos. O teatro, como é um projeto de fundo e com outro tipo de responsabilidades, como fazer uma programação artística de um espaço municipal, é um desafio muito grande, que me dá muito prazer e que faço com pessoas que se tornaram numa família. Mesmo. É mesmo o meu núcleo de pertença. É um lugar a que dificilmente direi que não e isso toma o seu tempo, mas permite-me fazer estas danças e estas perninhas noutros sítios.
E algum dos filhos vai seguir esta área?
Não sei... Eles são os dois muito pantomineiros, muito dados à representação, mas ainda são pequeninos. A Alice, de vez em quando, já quer fazer algumas coisas comigo. Ela tem apetência, mas talvez porque vê a mãe a fazê-lo desde sempre e, então, esta é a realidade dela. Desde pequenina que vai para o teatro, para os bastidores... Vai comigo para todo o lado. Ela conhece bem os bastidores de televisão e de teatro.
E o mais novo entrou agora na escola?
Sim, o mais novo está no primeiro ano. São duas crianças muito disponíveis e abertas para conhecer o mundo. Portanto, está a ser fácil.