Entrevistas

Sabia que Nuno de Sousa Moreira é trigémeo? As revelações do jornalista da CNN Portugal

A propósito do terceiro aniversário da CNN Portugal, a SELFIE esteve à conversa com o jornalista Nuno de Sousa Moreira e quis conhecer melhor o homem por detrás do pivô.

Sempre sonhou ser jornalista?
Percebi muito novo que queria trabalhar em comunicação. Teria sete, oito anos. Desde o momento no qual entrei no estúdio de uma rádio local pela primeira vez. Visitei-a por acaso, em Torres Vedras. Em 1997, brincávamos nas ruas. E a curiosidade levou-me a bater à porta da Radioeste. Fui amavelmente recebido por uma locutora, que me abriu as portas do estúdio. A paixão foi instantânea - assim que a locutora ‘abriu’ o microfone e falou, percebi que era aquilo que queria fazer o resto da vida. Nos anos que se seguiram, a paixão tornou-se numa obsessão. Montei um estúdio de rádio com os amigos. Seguiram-se estúdios e régies de televisão na garagem dos meus pais. E, ainda hoje, guardo gravações desses tempos. Hoje, penso que, se aquela locutora não me tivesse aberto a porta da rádio, naquele fim de semana, provavelmente não seria jornalista e tão pouco estaria na CNN.

A ambição passava por jornalismo televisivo?
O gosto pelo jornalismo televisivo foi surgindo gradualmente. Lembro-me de ver jornais televisivos com os meus pais e os meus avós desde muito pequeno. E via-os do início ao fim. Eram muito mais curtos, também, na época.
Um dia, descobri na sala dos meus pais uma arca com várias cassetes VHS nas quais tinham gravado a cobertura da Guerra do Golfo, em 1990, feita pela RTP. Acabei por vê-las todas, vezes sem conta. E penso que foi com elas que, cedo, percebi a relevância do jornalismo e a importância dos jornalistas na descodificação do nosso mundo.

O que significa para si ser jornalista?
Trata-se de uma missão. Um privilégio que nos é concedido e confiado. E, como tal, com o privilégio, vem a responsabilidade. Acima de tudo, a responsabilidade de proteger a credibilidade da profissão e da função que desempenhamos, transmitindo informação credível, verificada e útil. E temos de ser livres a desempenhá-la. Sem amarras e sem subserviência aos poderes instalados. Sempre curiosos, irreverentes e inquietos.

Quais os temas que mais gosta de cobrir?
Todos. Da Política ao Internacional, da Justiça ao Desporto, tento acompanhar os vários temas.

E como tem vivido este desafio na CNN, que agora celebra o terceiro aniversário? Foi fácil tomar a decisão de integrar o projeto?
Sim, foi. E têm sido meses intensos e os mais felizes na minha carreira. Já fiz de tudo um pouco desde que cheguei, em janeiro. Cobri a crise política e as eleições legislativas. Mais recentemente, fui desafiado a apresentar os resultados das eleições dos Estados Unidos, com a conhecida Magic Wall da CNN. A festa do título de campeão, as eleições do FC Porto, a escalada de tensão no Médio Oriente ou a violência nos bairros de Lisboa foram algumas das emissões em Breaking News que tive o privilégio de conduzir. Apresentar o "Novo Dia" dos locais afetados pelos incêndios de setembro foi, talvez, um dos desafios que mais me marcaram.

Quais as histórias mais marcantes da sua carreira?
Além de todos os que já mencionei, a cobertura do Euro2016 durante um mês, em França, as manifestações dos coletes Amarelos em Paris e algumas reportagens de investigação que fiz sobre o Sporting em Cabo Verde, a casa de José Sócrates em Paris, ou sobre José Eduardo dos Santos, em Barcelona.

Uma das histórias recentes mais marcante foi a do sismo em direto: como viveu esse momento?
Foi um teste aos instintos. E, felizmente, acho que tanto eu como a Rita Barão Mendes passámos na prova e conseguimos fazer uma cobertura digna.

Também ficou célebre o momento em que foi intimidado pelos seguranças do José Eduardo dos Santos e recebeu o elogio público do Herman José: "Acho que o jovem repórter os tem no sítio". Como lidou com esta situação e o consequente elogio?
Tal como o sismo, foi uma situação inesperada. O Herman é uma referência e um profissional que muito respeito e admiro. E o elogio que fez - e do qual só tive conhecimento quando me encontrava a partir de Espanha - foi muito importante. Mas lamento que a perseguição se tenha tornado na face mais visível desse trabalho. Antes disso, eu e o repórter de imagem, que, também hoje, está na TVI/CNN - o David Carvalho -, conseguimos montar um documento que relatava a, até então, desconhecida vida do antigo presidente de Angola. Há anos que José Eduardo dos Santos tinha partido de Angola para um quase forçado exílio. Pouco ou nada se sabia à data sobre o que andava a fazer o ex-rosto forte do MPLA. No momento em que rebenta o escândalo do Luanda Leaks, esses eram dados que ganhavam particular relevância.

E como lida com o facto de passar "a ser notícia"?
Não devemos ser o objeto da notícia. Se o formos, que seja pelo melhor motivo.

Como equilibra a vida pessoal com a carreira tão absorvente de jornalista?
Com foco e disciplina. Mas não deixamos de ser jornalistas quando saímos da redação ou quando estamos de folga. Abraçarmos esta ideia ajuda a criar o equilíbrio. Há limites, claro, e temos de respeitar a família e os compromissos. Mas esta é uma profissão exigente, como tantas outras.

Sabe-se muito pouco sobre a sua vida pessoal. O que nos podes contar sobre si?
Tenho 34 anos. Nasci em Lisboa, mas vivi a minha infância em Torres Vedras. Sou um de seis irmãos e sou trigémeo.

Ter filhos faz parte dos seus planos de vida? Se sim, que tipo de pai acha que vai ser?
Sim. Não me imagino sem filhos. De momento sou "pai" de um Spitz Alemão. Quero acreditar que vou ser o melhor Pai que um filho merece ter.

Qual o maior ensinamento que os seus pais lhe transmitiram?
Respeitar todos neste mundo e para todos ser gentil.

Tem algum hobby? O que costuma fazer para relaxar da vida agitada?
Tento viajar o mais que posso. Faço exercício físico no ginásio e natação. Gosto de cozinhar, leio e recarrego energias junto do mar. Saídas com família e amigos sabem sempre bem.

Estando frequentemente à frente das câmaras, que cuidados especiais tem com a imagem? Considera-se um homem vaidoso?
Os normais: tento manter-me hidratado. Faço exercício com regularidade. A maquilhagem diária obriga-me a ter cuidados na limpeza da pele e com a hidratação da mesma. E já vou usando uns cremes para evitar as rugas.

E que cuidados tem com a alimentação? É fácil manter uma alimentação saudável quando se está sempre em reportagem?
Numa rotina normal, tenho os cuidados normais: beber muita água durante o dia, comer fruta, ingerir alimentos de três em três horas e tentando equilibrar a ingestão de hidratos e proteína. No terreno, é mais difícil, sobretudo em coberturas mais intensas. É exemplo disso mesmo a recente cobertura dos fogos, em setembro, no norte e centro do País. Com 12, 14 horas de trabalho, às vezes sem parar, torna-se difícil estarmos devidamente alimentados. Mas há "truques" que vamos aprendendo ao longo dos anos: garrafas de água sempre por perto, barras energéticas, bolachas, fruta, alimentos que permitam adquirir energia de forma rápida.

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