Crónicas

"O medo de arriscar está a matar a criatividade?": por Miguel Vala Leitão

Quantos de nós já tivemos uma ideia que acreditamos ser revolucionária? Uma ideia que poderia mudar tudo. Mas, e depois? Como passamos do momento de inspiração para a concretização?

  • 30 set, 14:28
Miguel Vala Leitão
Miguel Vala Leitão

"Este é um dos maiores dilemas: a transição do sonho para a realidade."

 

Vender uma ideia não é só apresentá-la. É convencê-los que vale a pena apostar em ti e no teu projeto. Mas como o fazer quando o mercado está saturado de ideias que nunca saíram do papel? Como podes destacar-te num mar de propostas e captar a atenção de quem tem o poder de investir? Os investidores, muitas vezes, procuram segurança, números comprovados, e querem minimizar riscos. E o que acontece quando a tua proposta não se encaixa nesses moldes?

Será que estamos preparados para sair do convencional e apostar em ideias novas? Ou preferimos ficar confortáveis, a seguir as mesmas fórmulas de sempre? A verdade é que grandes empresas e marcas têm medo de arriscar. Fazem apostas seguras, escolhem caminhos já trilhados, e tomam decisões "em rebanho", onde a segurança da escolha vale mais do que a inovação.

O problema não é a falta de ideias, mas sim a falta de confiança dos que podem fazer essas ideias acontecerem. Se és um criativo, provavelmente já sentiste o desinteresse, a resistência, o "não" constante. Não é só falta de capital; é falta de fé no novo, falta de vontade de arriscar. As grandes empresas preferem investir em fórmulas que já resultaram, em projetos que já foram validados por outros. O que nos leva a perguntar: quem está disposto a ser o primeiro a acreditar?

Como podemos, então, atrair marcas para os nossos projetos? Como conseguimos convencê-las que o risco vale a pena? Será que a resposta está em ter uma estratégia mais agressiva de marketing pessoal? Ou precisamos de ter milhares de seguires nas redes sociais ?

"O futuro pertence aos ousados, mas a ousadia tem um preço."

Rematando este artigo para um dos meus maiores prazeres, o mundo da televisão, vemos que este medo de arriscar está mais vivo do que nunca. A indústria continua presa a formatos repetidos, numa constante reciclagem de ideias que já deram audiência no passado. Onde estão os novos formatos? Onde está a ousadia de criar algo que nunca foi visto? Baixos orçamentos ou falta de coragem? Tal como em qualquer outra área criativa, a televisão sofre com a falta de coragem para inovar. Mas até quando vamos preferir a segurança de mais do mesmo em vez de dar espaço ao que pode realmente surpreender e redefinir a experiência do espectador? O desafio é o mesmo: arriscar no novo ou sucumbir ao comodismo do já visto.

Miguel Vala Leitão

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