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Farol Hotel: "A arte de bem receber num hotel com uma vista arrebatadora", por Mafalda Agante

Com o Atlântico a beijar os alicerces e a maresia a entrelaçar-se com os aromas da cozinha, o Farol Hotel, em Cascais, oferece muito mais do que uma estadia de luxo. Entre paredes que conjugam história e vanguarda - onde a criatividade convive com a tradição - é um verdadeiro convite aos sentidos.

Repórter apaixonada por doces.
  • 29 mai, 17:45

Assim que cheguei ao hotel, deparei-me com a melhor vista através da janela no meu quarto: um horizonte em tons de azul, com a piscina de água salgada e o mar infinito. Um postal vivo que muda com a luz do dia - e difícil de superar. Exímios na arte de bem receber, tinha no quarto fruta laminada, água e vinho à minha disposição, além de chá e café.

Implantado nas imponentes falésias de Cascais, com o oceano a seus pés, é um ex-libris naquela que é considerada a vila mais cosmopolita de Portugal. Membro orgulhoso da cadeia Preferred Hotels & Resorts, este hotel é uma coleção de 33 espaços distintos, todos com uma estética elegante e contemporânea. Cada um com personalidade própria, mas todos com o charme indiscutível que se espera de um boutique hotel de luxo à beira-mar. Resulta da fusão entre uma mansão restaurada do século XIX - outrora pertença do Conde de Cabral - e elementos modernos de design, com mobiliário exclusivo e arte contemporânea. Uma união inspiradora entre o classicismo e a estética vanguardista.

A gastronomia é um dos maiores trunfos do Farol Hotel - e não faltam motivos para a celebrar. Começamos pelo restaurante principal, onde a carta é uma viagem internacional com alma portuguesa, com assinatura do chef executivo Sebastian Fritye e os sous-chefs Bruno Coelho e Nicolae Juravel. As sobremesas são da responsabilidade da talentosa Rafaela Reis. A carta do restaurante é um retrato da portugalidade cruzada com influências internacionais. Uma ode ao mar e à terra, com preferência por ingredientes de origem local e receitas que contam histórias.

Logo à partida, a escolha de pratos como o Mexilhão com ovo e mil-folhas de batata revela uma intenção emocional e cultural: “Foi pensado para a Sexta-feira Santa, altura em que é tradição, aqui em Cascais, as famílias irem apanhar mexilhões. Adiciona-se a nossa versão dos ovos rotos a esta entrada”, revelou o chef Sebastian Fritye. Uma combinação improvável de ovos com mexilhão e carne de porco preto, tudo cozinhado em caldo aromático, finalizado com um mil-folhas de batata perfumado com pimentão La Vera (fumado).

Cada prato servido tem história, ingredientes de excelência e técnica apurada. Entre os destaques, a salada de espargos cozidos a baixa temperatura com tomilho-limão, servida com azeite virgem alentejano, vinagre balsâmico envelhecido e parmesão curado, sobre uma cama de tetragone (espinafre tailandês). Leve, fresca e perfeita para esta altura do ano. “Uma entrada que costumo preparar em casa”, explicou o chef.  

Mas também há espaço para o exotismo: o Mini bao, feito com massa artesanal que repousa 24 horas, recheado com camarão, citronela, gengibre e folhas de lima kaffir, servido com um molho thai equilibrado entre doce e picante. Mostra a vertente cosmopolita da cozinha, assim como o Aguachile mixto, com atum dos Açores, ostras da ria do Sado e camarão, envolvidos numa vinagrete de salsa verde e servidos com totopos de milho azul.

Entre as propostas de entrada, destaco ainda uma criação “que o sous-chef Bruno Coelho queria experimentar há muito tempo”- e finalmente ganhou forma, com inspiração nas preferências dos hóspedes e na tendência global da loucura pelo pistácio. O resultado? “Uma pinsa romana com tapenade de pistácio, stracciatella, presunto de Parma com 24 meses de cura, alcachofras confitadas, tomate cherry de várias variedades, pickles de peperoncini, finalizada com azeite extra virgem e folhas frescas de manjericão”. Um prato cheio de texturas, cores e sabores, que traduz o espírito criativo desta cozinha.

Já os sabores tradicionais portugueses surgem em propostas como a amêijoa à marinheira com crème fraîche e chalotas ou as Ostras do Sado (ao natural ou temperadas). E se eu adoro ameijoas!

A ligação ao mar está presente em quase toda a carta, também nos pratos principais, tais como: o polvo grelhado, servido com parmentier de salsa trufado e migas de broa com couve e castanha - uma homenagem à costa de Cascais. A Raia à Alentejana, envolvida num consommé de enchidos e servida com puré de ervilhas e agrião, ou o Pregado au Meunière, “grelhado inteiro, temperado com flor de sal, tomilho, azeite e raspa de lima. É servido com batata confitada, brócolos, espinafres e um molho de camarão, manteiga, limão e salsa fresca”, explicou o chef. Entre este e o próximo prato, foram os meus preferidos.

O Arroz “The Mix” do Mar é uma celebração do nosso pescado, com polvo, camarão, mexilhão e peixe do dia - tudo finalizado com coentros e um toque cítrico de limão fresco. “Este prato é a prova que o nosso peixe e marisco é, sem dúvida, um dos melhores do mundo”, afirmou Sebastian.

Outra opção irresistível é o arroz de ananás dos Açores, salteado com especiarias, leite de coco e camarões grelhados. Continuando as sugestões para os apaixonados por peixe, o atum grelhado surge em duas texturas, acompanhado de gnocchetti gratinado, salada de espinafre tetragone e lascas de parmesão.
Para quem prefere carne, o Magret grelhado com risotto de cogumelos selvagens conquista pelo sabor intenso. “É lacado com chipotle e soja, vem com um risotto de cogumelos selvagens — girolles, boletos, chanterelles” - pura indulgência. O Lombo à Portuguesa presta tributo aos sabores da cozinha tradicional. “O nome já diz tudo, acompanha com ovo estrelado, presunto pata negra e um bom molho com muito alho, louro e vinho”, afirma o chef Sebastian.

As sobremesas - criadas pela chef pasteleira Rafaela Reis - são verdadeiras experiências sensoriais. Começo com uma proposta para os nostálgicos, The Mix com Tradição é um trio de doces tradicionais portugueses - arroz doce, pudim Abade de Priscos e farófias com creme inglês e raspa de limão mão de Buda — servido com dois copos de aguardente velha Ramos Pinto. Ora pois que posso dizer que fiquei deliciada com o arroz doce, que parece à moda de Coimbra (tenho várias receitas nos meus livros e no blogue, se quiserem fazer), não leva gemas, a Rafaela trocou o açúcar por leite condensado. Fica muito cremoso, tal como eu gosto. Pedi dose extra e sem vergonha de assumir.

A Espuma de chocolate com crocante de framboesa e gelado de ginja é uma homenagem moderna aos copinhos de ginja de Óbidos. Uma obra de arte comestível. “A espuma é feita com chocolate 70% de cacau, ginja marinada em licor da mesma e gelado de ginja, crumble de chocolate, suspiros, framboesas frescas e um crocante”, explicou Rafaela.

Segue-se um deleite, a minha preferida da carta, penso eu (mas não dá para escolher apenas uma): Paris-Brest, fiel à tradição francesa, é feita com massa choux com crocante de amêndoa, mousse de avelã, gotas de caramelo salgado (pena que eram apenas “gotas” – juro que comia aquele caramelo à colherada) e finalizado com folha de ouro.

E o crème brûlée, que delícia! Aqui feito com baunilha de Madagáscar, crosta fina e estaladiça de açúcar caramelizado, e interior sedoso e perfumado. Um clássico da pastelaria francesa elevado à máxima elegância, onde a simplicidade se encontra com a perfeição técnica. A Rafaela referiu que "é cozinhado a 90ºC, durante 42 minutos". É uma perdição, bastante aveludado.  

Para os mais arrojados, há opções como o Mil-folhas de alga nori cristalizada com creme de sésamo, creme de limão mão de Buda e gelado de limão mão de Buda e um tuile - uma fusão improvável e surpreendente. E o Entremet de manga e maracujá, “recheado com manga fresca e em compota, servido com sorbet e mousse de maracujá, e ainda um tuile em forma de borboleta”. É delicado, fresco e tropical. Não apresenta dos meus sabores preferidos e mesmo assim posso afirmar que é uma delícia! Muito bem executado e apresentado!
Não posso deixar de referir ainda os “crepes suzette flamejados com Grand Marnier, servidos com raspa de laranja cristalizada, folhas de ouro e um sorbet de toranja”, que encerram qualquer refeição com elegância. Neste caso são servidos numa versão mini, uma fofura! Juro que comia estes crepes todos os dias! O restaurante funciona diariamente ao almoço e jantar. Um destino gastronómico para todos – sejam ou não hóspedes.
Imperdível é também o restaurante de sushi do hotel, o Sushi Moment, preparem-se para uma experiência única, onde a tradição da cozinha japonesa se encontra com reinterpretações criativas e surpreendentes. O sushi master Francisco Braga eleva cada detalhe com técnica apurada e respeito pela essência dos sabores e a vista sobre o mar é o cenário ideal para saborear cada criação.

Nas entradas, provei as gyosas; uma tempura de legumes leve e crocante; e um temaki de salmão e manga.
Seguiram-se dois momentos fresquíssimos: o usuzukuri de peixe branco com molho ponzu, pérolas de yuzu e manjericão; e as vieiras com pesto, lima e toque picante. Verdadeiro sabor a mar. Para terminar em grande, um combinado de sushi, com peixes variados e outro de nigiri — onde a precisão, estética e sabor se encontram num equilíbrio perfeito. Uma viagem sensorial ao Japão com alma portuguesa e o Atlântico como pano de fundo. Este restaurante funciona de quarta a domingo, almoço e jantar.

A manhã começa com uma seleção variada e fresca. Pedi panquecas feitas ao momento, servidas com morangos frescos e creme de chocolate. Provei ainda iogurte com granola, frutas, uma infusão, variedade de pães, queijos e viennoiseries. Tudo com vista para o atlântico — um privilégio matinal.
 

O chá da tarde: clássico com um toque português

Com vista para o mar e num ambiente de luxo, o chá da tarde no Farol Hotel é uma experiência imperdível. É servido diariamente, entre as 16h e as 18h. Clássico e requintado, oferece uma seleção de pastelaria fina e salgados, onde o detalhe e o sabor se cruzam de forma harmoniosa.

Os doces incluem sempre: scones, pastéis de nata, tartes de morango, cookies de chocolate e limão, bolachas belgas, areias de Cascais, financier de citronela e gengibre, e fondant de chocolate e framboesa (uma perdição)! Um desfile de pequenas delícias que acompanham na perfeição um bom chá.

Nos salgados, há pão brioche com pepino e queijo creme, pão de cinco sementes com pasta de camarão e ovas de tobiko, e pão de centeio alemão com salmão fumado, rúcula e limão.  

No final, tive ainda o privilégio de provar a melhor versão que provei de bombons inspirados no Dubai Chocolate — que passarão a ser servidos como mignardises, após as refeições. Uma delícia exclusiva, textura perfeita, que merece ser saboreada — ou encomendada, porque sim, vale a pena ligar e garantir uma caixa destes bombons únicos, feitos com creme de pistácio e kadayif.

 

Novidade irresistível: bolas de Berlim que são puro verão

A carta de verão do bar e da piscina do Farol Hotel acaba de ganhar uma novidade que promete conquistar todos os paladares: Bolas de Berlim com creme de pistácio e kadayif (inspiradas no Dubai chocolate), com um toque final de limão fresco. E, claro, a versão tradicional com creme de pasteleiro artesanal e baunilha de Madagáscar, feita com ingredientes naturais — sem corantes ou aromas artificiais.

Sabiam que a maioria das bolas de Berlim que se encontram à venda já nem têm o creme de pasteleiro tradicional, que é suposto ser assim com este tom clarinho? Aqui, os sabores são genuínos e o resultado é absolutamente viciante. Estas são servidas no bar e na piscina — e vão conquistar os gulosos exigentes. É melhor ligarem para o hotel para reservar, se quiserem comer uma bola com vista para o mar.

O Bar On The Rocks é o ponto de encontro perfeito durante todo o ano. No verão, a zona exterior convida a cocktails ao pôr do sol ao som de música tropical; no inverno, o interior acolhe-nos com charme clássico e ambiente descontraído.

Provei cocktails de autor e mocktails enquanto desfrutava da vista e do som das ondas. Um momento de puro prazer à beira da piscina de água salgada.

 

Eventos e celebrações que marcam

O Farol Hotel é especialista em tornar dias especiais em momentos inesquecíveis. Desde casamentos de sonho a eventos empresariais sofisticados, a equipa adapta o espaço, o serviço e a atmosfera com excelência. Com uma localização única, gastronomia sublime e serviço irrepreensível, tudo se alinha para criar magia.

Um agradecimento especial à equipa

Um agradecimento especial ao diretor Nuno Nunes e à Maria João Clemente, pela hospitalidade e simpatia, que tornam este lugar tão único, fazem com que cada hóspede se sinta especial.

Agradeço à talentosa equipa de cozinha e sala: o chef executivo Sebastian Fritye, os sous-chefs Bruno Coelho e Nicolae Juravel, Rafaela Rei nas sobremesas, o Sushi Chef Francisco Braga, o F&B Manager Nuno Santa Antunes, e os chefes de sala Bruno Santos e Rodrigo Matos, à equipa do bar e restante equipa do hotel, todos tão atenciosos. Cada um contribui com talento, dedicação e paixão para criar experiências que ficam na memória.

Porque há lugares que são muito mais do que um hotel. E este, com o Atlântico aos pés, é inesquecível. Terei muitas saudades e já conto os dias para regressar!

Mafalda Agante
Repórter apaixonada por doces.

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