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Suzana Garcia sobre Nuno da Silva: "Parece um copy paste barato do caso Menendez"

No "Dois às 10", a advogada Suzana Garcia comentou o caso que está a chocar o país: a alegada tentativa de homicídio do filho de cinco anos de que Nuno da Silva é suspeito.

Foi ao início da manhã desta segunda-feira, dia 14, que a CNN Portugal noticiou que um homem de 31 anos tinha sido detido, em Sesimbra, após ter tentado matar o filho de cinco anos. De acordo com a informação inicialmente divulgada, a criança teria sido obrigada a ingerir combustível e medicação. Mais tarde foi revelada a identidade do homem: Nuno da Silva, ex-concorrente do "Love on Top", que teria confessado o crime num café, antes de fugir e ser detido pela GNR.

O tema foi também abordado na edição desta terça-feira, dia 15, do programa "Dois às 10", e Suzana Garcia começou por se colocar na pele da vítima: "Tenho dois filhos de 13 meses e há um olhar de confiança da criança, mesmo quando estamos a dar-lhe um comprimido. Estou a tentar imaginar ter cinco anos e ver alguém em quem eu projeto essa confiança dar-me gasolina a beber. São hidrocarbonetos que queimam quando passam pelo trato digestivo. Queimam o estômago. Até podem causar lesões pulmonares. Podem causar lesões neurológicas. E eu rejeito essa bebida e a outra pessoa enfia-me os comprimidos goela abaixo. E tem um olhar diferente. Não reconheco aquela pessoa, que, ainda por cima, pega numa manta e cobre-me o rosto. Tira-me o ar, que sei que preciso para viver. Não consigo imaginar que esta pessoa possa voltar a ser pai desta criança. "

De seguida, a advogada analisou a mensagem que Nuno da Silva deixou, antes da alegada tentativa de homicídio: "Quando li aquela estapafúrdia publicação que ele colocou, fiquei perplexa e pensei que ele andava a ver televisão a mais. Reparem: começa por dizer que se tentou matar aos sete anos. Até fui estudar quantas crianças é que se tentaram matar aos sete anos. E, ao ler a revista de pedopsiquiatria nacional, percebi que as pessoas que se tentam matar com sete anos são 0,7%."

"Noto aqui uma profunda tentativa de manipulação e uma pessoa egoísta. Ele foi pai. Ele sabe o que é que é uma mãe ter um filho e, depois, ter outro e o quanto o segundo filho acaba por ficar um pouco para segundo plano, quando estamos com o primeiro. Aquele que acabou de nascer precisa mais de nós. E ele diz assim: 'Tinha sete anos quando a minha irmã nasceu. E, a partir daí, a minha vida passou a ser má. Eram todas as atenções para a minha irmã.' Ainda compreendia, se ele tivesse dito isto com sete anos. Mas, hoje, adulto, pai de dois filhos, ele não percebeu que as atenções, na altura, estavam projetadas na criança acabada de nascer e não já nele, que tinha sete anos?", assinalou ainda.

Suzana Garcia destacou outro excerto da mensagem: "E, a seguir, ele diz assim: 'A minha mãe, depois, refez a vida dela com outro homem. E pôs esse homem dentro de casa. E eu não aceitei, porque ela não me pediu autorização. E acho que as mulheres, quando estão divorciadas, não podem ter outro homem dentro de casa. Não devia ser assim! Não pode ser assim!' Mais uma vez, é o egoísmo. Quem é esta pessoa?!"

"Depois, ele diz: 'O meu avô foi o pai que não tive. Mas o dia em que ele morreu foi o dia mais feliz da minha vida.' E depois diz que o avô, de um dia para o outro, abusou sexualmente dele. Mas nós sabemos que os abusos sexuais, que existem perto de pessoas próximas, normalmente, não começam de um dia para o outro. Eles vão tentando, é um olhar, é uma prenda... Depois, passou a ser a avó, que era outro monstro. E os pais são outros monstros. Olhei para isto tudo e fez-me lembrar um copy paste barato do caso Menendez", comparou, referindo-se a Lyle e Erik Menendez, que assassinaram os pais em 1989.

"Ele pode ser uma vítima - e estarei solidária, se o for -, mas, pela forma como ele escreveu aquilo tudo, acho que é impossível estarmos solidários", completou.

Veja, agora, o vídeo.

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