Penso que, independentemente dos lugares alcançados no pódio dos Jogos Olímpicos, todos estão de parabéns. Ainda assim, a prova de ciclismo de pista, uma modalidade que muitos desconheciam, acabou por sobressair, não só pelas medalhas alcançadas, mas, e sobretudo, pela personalidade dos atletas.
Iúri Leitão, um jovem sorridente e manifestamente simpático, torna-se notícia ao optar por não se aproveitar do momento de fraqueza do adversário na prova Omnium masculino, agindo segundo valores morais, como a solidariedade e a honestidade. Não houve tempo para pensar, porque o seu gesto foi imediato, impulsivo, o que mostra que agiu segundo a sua natureza.
Quando questionado sobre a escolha que fez, a sua resposta a todos desarmou. Estava verdadeiramente feliz com o segundo lugar, porque, para ele, era essa a medalha que merecia. E sentia-se a felicidade no seu sorriso rasgado, nos olhos brilhantes e nas celebrações que se seguiram.
Numa sociedade cada vez mais individualista, na qual as crianças são muitas vezes educadas para encararem os colegas de escola como rivais, Iúri Leitão vem mostra-nos que o que verdadeiramente lhe interessa é sentir que os seus prémios são merecidos, são limpos, não foram resultado de nenhuma ação fraudulenta. Iúri Leitão compete com ele próprio, quer testar-se ao limite, por isso, os outros não são vistos como rivais a abater, mas sim como parceiros que têm em comum consigo o amor ao desporto.
Na prova Madison, voltamos a ver um Iúri Leitão animado, feliz por ali estar e poder partilhar esta etapa com o amigo Rui. No fim, festejam juntos. Que bonito foi sentir a amizade que os une e observar que não existiu nenhum momento em que um quis sobressair face ao outro.
Não pude deixar de sorrir quando os vi imitarem o gesto de Cristiano Ronaldo, e, mais do que isso, expressarem o desejo de que o craque soubesse que lhe tinham prestado esta homenagem.
Mais do uma demonstração de humildade. Mais do uma lição para todos aqueles para quem basta atingir alguma popularidade (muitas vezes, sem terem feito nada de extraordinário) e já se transformam em peixes-balão!
A humildade é uma virtude cada vez mais rara e é algo tão bonito, sobretudo quando a presenciamos vinda de pessoas que são verdadeiramente GRANDES!