A estética domina as redes sociais, cria padrões, gera procura. Mas até onde queremos levar a Medicina Dentária?
O brilho das lentes de contacto e dos branqueamentos não pode ofuscar a função, a prevenção e a saúde.
Porque um sorriso bonito só é verdadeiro quando nasce de bases sólidas e sustentáveis.
Estética e saúde não são opostos. São inseparáveis.
Estética vs. Saúde: até onde queremos levar a Medicina Dentária?
Nunca se falou tanto de sorrisos como hoje.
As redes sociais estão cheias de dentes perfeitamente alinhados, brancos, simétricos. O sorriso tornou-se cartão de visita, quase um símbolo de sucesso.
Este fenómeno trouxe avanços importantes. Mais pessoas procuram o Médico Dentista, muitas vezes ultrapassando um medo enraizado, mais investem em cuidados orais, mais valorizam a aparência do sorriso.
Mas também levantou uma questão que merece ser debatida: até onde queremos levar a Medicina Dentária?
O fascínio pela estética
Não há dúvida de que a estética tem o seu lugar. Um sorriso bonito pode devolver autoestima, abrir portas profissionais, transformar relações pessoais. Mas quando o brilho das lentes de contacto ou do branqueamento se sobrepõe à função, corremos o risco de inverter prioridades.
Há pacientes que chegam à consulta obcecados com a cor, mas sem consciência da saúde das gengivas. Outros sonham com dentes alinhados, mas ignoram hábitos de higiene básicos. A pressão estética pode transformar a Medicina Dentária numa espécie de “filtro” da vida real, esquecendo que a boca não é apenas vitrine - é também porta de entrada para a saúde geral.
A missão da profissão
O Médico Dentista tem aqui um papel delicado. É fácil ceder ao imediatismo das exigências estéticas. Mais difícil é ter a coragem de dizer não, de explicar que saúde vem antes de cosmética, de lembrar que um sorriso saudável nem sempre corresponde ao padrão artificial que as redes sociais promovem.
Se a profissão se limitar a seguir tendências, corre o risco de se transformar em indústria estética. Mas se souber integrar beleza e função, estética e saúde, então o sorriso deixa de ser apenas imagem: torna-se expressão de bem-estar real.
Para onde queremos ir
O futuro da Medicina Dentária não pode ser uma escolha entre estética e saúde. Precisa de ser um equilíbrio. Porque um sorriso perfeito, mas doente é apenas fachada. E uma boca saudável, mas negligenciada esteticamente pode também limitar a vida de uma pessoa.
A verdadeira missão é unir estas dimensões: cuidar da função e da prevenção, sem esquecer a autoestima que nasce de um sorriso bonito.
Nem só filtros, nem só técnica. O caminho está no meio. João Espírito Santo
