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Helena Sacadura Cabral faz partilha emotiva: "Como a mãe sobrevive à injustiça que não passa"

Recorrendo às redes sociais, a escritora Helena Sacadura Cabral partilhou um emotivo texto.

"Como a mãe sobrevive à injustiça que não passa" é o título da mais recente partilha realizada por Helena Sacadura Cabral, na qual a escritora reflete sobre os desafios da maternidade.

"Viver a vida inteira sentindo-se a parte esquecida de uma história familiar - aquela que segurou as pontas, que chorou sozinha, que renunciou a si para proteger os filhos - pode ser devastador. Quando, além disso, os filhos demonstram mais carinho, lealdade ou compreensão ao pai que causou a rutura, o que resta à mãe? Resta ser fiel a si", continua a escritora.

"Ser mãe, nesse caso, é um ato de resistência silenciosa. É escolher continuar a amar sem aplauso, cuidar sem reconhecimento, e manter-se íntegra mesmo quando a vida foi injusta. Isto não é passividade - é uma força quase sagrada. E essa força precisa ser cuidada, alimentada, honrada. A dor não deve ser engolida sozinha. É essencial falar, buscar apoio, terapia, ou simplesmente ter com quem dividir essa ferida. Porque o que dói de verdade não é só o amor negado, mas o silêncio que o envolve. Também é importante entender que os filhos, muitas vezes, não veem as coisas como os pais veem. Eles lidam com as suas próprias faltas, projeções e idealizações. Às vezes, preferem o pai ausente ou irresponsável porque não os cobra, porque representa uma figura mais leve ou livre. Mas isso não significa que a mãe foi menos importante - significa apenas que eles ainda não compreenderam tudo", considerou a mãe de Miguel Portas, já falecido, e de Paulo Portas.

"O tempo pode não consertar tudo, mas amadurece os olhares. Muitos filhos só enxergam a dimensão do que a mãe fez, quando se tornam pais. Às vezes, nem aí. E mesmo assim, é possível encontrar paz. Não na expectativa do retorno, mas na dignidade do que foi feito. A mãe que vive essa injustiça precisa, acima de tudo, resgatar a sua própria história além da maternidade. Voltar-se para si: seus desejos, seus projetos, sua identidade, além do cuidado. Porque, embora os filhos sejam parte fundamental da vida, eles não devem ser o único espelho da nossa realização. Não é justo, não é leve, e talvez nunca seja retribuído. Mas o amor verdadeiro não depende de o outro entender. Ele basta-se por ser inteiro, mesmo quando o outro não enxerga", rematou a escritora.

 

 

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