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Cristina Ferreira defende-se: "Esta é a minha posição e quem me conhece sabe"

Em direto, no programa "Dois às 10", da TVI, Cristina Ferreira defendeu-se.

Cristina Ferreira teceu um comentário sobre o caso da morte de Conceição Figueiredo, em Oliveira do Bairro, na rubrica "Crónica Criminal", do programa "Dois às 10", da TVI, que fez correr muita tinta.

"Porque eu não sei se esta mulher, depois do baile, entrou num carro com ele e, aí, se calhar, é que se pôs a jeito para que isto acontecesse. E, portanto, hoje em dia não se pode mesmo confiar em ninguém, nem na pessoa de quem mais gostamos. Lamento dizer isto, mas é verdade. E sabíamos que a São já não queria grandes coisas com este homem, mas supostamente acabou morta", disse a apresentadora, na passada segunda-feira, dia 2.

A expressão "pôs-se a jeito" fez estalar a polémica e, na passada terça-feira, dia 3, a Diretora de Entretenimento e Ficção da TVI fez questão de abordar o assunto, no mesmo espaço de comentário.

"Nós, quando partilhamos, já fazemos este trabalho há muitos anos, aqui muitas histórias e muitos pormenores dessas histórias e quando deixamos aqui alertas, tem que ver com o facto de já termos aqui tido várias histórias de mulheres que, mesmo já depois de agredidas, mesmo depois de terem feito queixa, que abrem a porta a quem vai lá, voltam a receber", começou por dizer.

"E é óbvio que aquilo que nós temos que dizer a essas mulheres, porque já analisámos aqui centenas e centenas de casos, que a situação de dependência emocional é muito difícil de gerir e é muito difícil para quem está por perto tirar essa pessoa dessa dependência. E, por isso mesmo, temos que ser nós, aqui. Este trabalho é feito, não é por acaso que um é advogado, outro é inspetor e o outro é psicólogo, para que se juntem as peças todas e alertar as mulheres nesse sentido", continuou.

"Eu tenho que dizer isto: eu marco um encontro num Tinder, no que quer que seja, com uma pessoa que não conheço de lado nenhum - o alerta ontem era este -, convém avisar uma amiga e dizer: 'Eu vou a este encontro, vou aquele sítio, a tal local, porque eu não sei quem é a outra pessoa'. E estamos a viver um tempo tão perigoso de não sabermos quem é o outro, em quem confiar, o que é que o outro é capaz de fazer, já aqui dissemos, os assassinos eram todos boas pessoas até ao dia em que matam. E isto não é culpabilizar a mulher, a culpa é sempre do homem que agride, isto tem que ver com o que nós estatisticamente sabemos que vai acontecendo, história após história", vincou, ainda.

"Isto é um assunto sério demais, é um assunto que nós combatemos há muitos anos, hoje em dia o uso das palavras, muitas vezes, é desviado, há coisas que nós dizemos aqui em direto, todos os dias e corremos o risco de dizer coisas que, às vezes, são erradas. Mas sabemos todos a intenção e basta perceber as coisas todas para se perceber a intenção. E acho que quem nos conhece sabe muito bem qual é que é a nossa posição, sabe muito bem qual é que é o nosso comportamento em relação a esses temas e, portanto, não faz sentido", considerou Cristina Ferreira.

"Eu queria mesmo é que todos os dias eu, se calhar, enquanto mulher, olhasse para a minha amiga e visse o que ela está a passar, olhasse para o meu amigo e visse o que é que ele está a passar e tivesse a capacidade de a tirar de uma situação, muitas vezes, de violência. Mas, às vezes, é muito melhor escrever coisas e apontar dedos a quem, supostamente, cometeu um erro. Eu lamento, mas esta é a minha posição e quem me conhece sabe, eu acho que é muito mais fácil crescer no amor do que crescer no ódio. Infelizmente, as partilhas todas que foram feitas ontem não serviram para nada no combate à violência, lamento. O que é certo é que nós vamos continuar a fazer o nosso trabalho aqui, diariamente, com erros e sem erros, mas sempre com um propósito: de evoluir a sociedade, de evoluir os comportamentos, porque, se olharmos bem para o retrocesso que tivemos nos últimos tempos, se calhar, temos que começar a perceber que não o estamos a fazer a melhor maneira", rematou a apresentadora.

Veja, agora, o vídeo.

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