À saída do Tribunal de Grândola, onde, esta segunda-feira, dia 9, foi lida a sentença do caso relacionado com a morte de Claudisabel, o advogado da família da cantora, José Paulo Pinho, lamentou a decisão da juíza de ter condenado o guarda prisional envolvido no acidente a três anos de prisão com pena suspensa, estando ainda proibido de conduzir durante um ano.
"Existem dois tipos de justiça que queríamos: a justiça social e a justiça do próprio processo. Não estava em causa a indemnização, tanto que a juíza concedeu o valor todo que pedimos. Não era isso que queríamos. Não queríamos uma vingança. Queríamos mesmo justiça. E os portugueses saem daqui com a sensação de que, se andarem com quatro vezes mais álcool do que o permitido e se matarem alguém, podem ter uma pena suspensa", lamentou o advogado da família de Claudisabel, em declarações aos jornalistas.
José Paulo Pinho foi ainda mais longe: "A juíza não foi corajosa. Faltou [coragem a este tribunal]. Este processo roça o dolo eventual. Um guarda prisional tem de ter noção de que este tipo de situação existe e que não se pode conduzir com esta taxa de álcool no sangue."
Na visão do advogado da família de Claudisabel, o arguido "vai ser vítima dele próprio". "Neste processo, no meu entendimento, tinha de haver uma condenação efetiva", afirmou, avançando que o cenário mais certo é recorrer da sentença: "Vou ponderar mas, em princípio, acho que sim. Porque quero justiça e a justiça, para mim, era a prisão efetiva."
Toda a acusação do Ministério Público foi dada como provada pela juíza. O arguido tinha uma taxa de alcoolemia de quase 2 g/l no momento do acidente. Já Claudisabel conduzia, naquele instante, sem cinto de segurança.
A seguradora foi condenada a pagar 150 mil euros, com o Tribunal de Grândola a absolver o guarda prisional deste pagamento.
Claudisabel, recorde-se, morreu a 19 de dezembro de 2022, em Alcácer do Sal. A mãe da artista não esteve presente na leitura da sentença, tendo sido representada pelo advogado.