Entrevistas

Cantora e atriz de "A Fazenda" Camila Ribau lança EP: "Um grito de apoio a todas as mulheres"

Numa entrevista intimista à SELFIE, Camila Ribau fala sobre amor, dor, força feminina e o privilégio de viver entre dois palcos - o da música e o da representação.

Autêntica, emocional e dona de uma voz que vem do fundo da alma, a atriz e cantora Camila Ribau fala à SELFIE sobre o processo de criação de "Afrodite", o EP que espelha uma jornada de auto-descoberta e que celebra a mulher em todas as suas formas.

Lançar o EP "Afrodite" é um sonho tornado realidade?
Sem dúvida. É mais do que um sonho realizado, aliás, é colocar uma parte de mim cá fora que esteve guardada durante muito tempo. O que é assustador e libertador ao mesmo tempo. Este EP vem de um processo de auto-descoberta como artista e como pessoa, e vê-lo nascer é indescritível!

Como está a ser o feedback do público?
Tenho sentido uma onda muito bonita de carinho e, principalmente, identificação com as histórias que conto em cada música deste EP. Sinto que ainda é um bocadinho cedo para pensar nisso, pois o EP saiu há menos de uma semana, mas para já sentir que as pessoas já se vão identificando com as letras, emoções e me dizem que se sentem mais compreendidas e mais fortes faz-me sentir que a música está a cumprir o seu papel. Curar e unir.

Com este EP quis celebrar a mulher em todas as suas formas? Como surge esta ideia?
⁠Surgiu de um lugar muito íntimo. Eu cresci e tive de crescer muito rápido e isso fez com que eu, inconscientemente, criasse uma força interior muito grande. Muitas mulheres passam por coisas duras - e, atenção, homens também, não estou de todo a querer separar géneros nem a colocar um acima do outro, somos todos seres-humanos - mas sentia que enquanto mulher e a viver tudo o que isso traz, "devia" um grito de apoio a todas as mulheres. Percebi o quanto há beleza em cada fase do feminino. E queria honrá-lo da melhor forma.

"Este EP é para todos os que já amaram, que se perderam e voltaram a si ainda mais fortes". Podemos dizer que é autobiográfico?
⁠Completamente. Já me perdi algumas vezes, mas, que me lembre, quando voltei a mim, voltei ainda mais forte. Escrever este EP foi quase como uma carta a versões antigas minhas e também a quem está a passar por fases semelhantes. Se nos lembrarmos disto, caímos, mas levantamos-nos sempre.

Considera-se uma mulher romântica?
Mais-ou-menos! (risos) Sou uma romântica q.b., como eu costumo dizer. Amo viver intensamente um amor e entrego-me a 100% em todas as loucuras (loucuras mesmo ahahah) que implica, mas não sou a maior fã daqueles "clichês batidos", confesso.

Um desgosto de amor é sempre inspirador?
⁠Nem sempre, definitivamente que não no início (risos). Uma dor muito grande e recente, pelo menos em mim, transforma-se em bloqueio. Fico criativa e emocionalmente bloqueada. Mas, com o tempo, vai-se tornando em matéria-prima. A verdade é que muitas vezes também é desse lugar que surgem as obras mais honestas. Eu uso muito uma frase na minha vida do Kurt Cobain: "Thank you for the tragedy, I needed it for my art."

O single "Última noite de Agosto" integra a banda sonora da novela "A Fazenda". Como encarou esta oportunidade?
⁠Com muita gratidão mesmo! Saber que ela acompanha personagens, momentos e que entra na casa das pessoas todos os dias… é um sonho concretizado.

Também participa como atriz na novela. Como foi integrar o projeto e poder mostrar duas das suas maiores facetas?
⁠Foi um desafio incrível e, sem dúvida, uma grande alegria. Tanto a música como a representação fizeram sempre parte de mim e poder juntá-las assim neste projeto foi mesmo como juntar duas partes do meu coração. Trabalhei com uma equipa maravilhosa com quem cresci muito. Senti-me sempre em casa.

A música sempre foi um sonho? E a representação? Conseguiria escolher entre uma e outra?
A música esteve sempre presente na minha vida. Na minha casa, tocava quase 24 horas por dia, música num vinil - e como o meu pai trabalhou como DJ, era quase impossível não ter uma relevância muito forte na minha infância. Já a representação, foi crescendo em mim à medida que os anos iam passando. Mas foi mesmo um amor muito forte, porque decidi logo mudar de vida e de cidade para ir atrás do sonho. Escolher entre os dois é mesmo como se me quiserem arrancar uma parte de mim. Eu escrevo músicas através de histórias. Levo histórias para a representação. Faço teatro com notas na cabeça. Não dá mesmo para escolher só uma, porque elas são complementos. E sou mesmo grata por conseguir fazer estas duas artes em simultâneo, mas completamente separadas uma da outra. Eu ouvia sempre que o melhor para mim era teatro musical, mas, por mais que ame musicais, nunca achei que esse fosse o meu caminho. Portanto, lutei para que os dois mundos em paralelo funcionassem. E nada me deixa mais feliz que isso acontecer!

Tem alguma referência musical que tenha sido fundamental para a sua carreira?
Tenho muitas. Eu sempre fui muito amante de música do mundo, mas, para mim, nunca vai haver nada que supere a boa música brasileira. O Brasil é um país riquíssimo em música e é, sem dúvida, uma inspiração musical para mim. Falando de artistas em concreto, eu diria que Lauryn Hill, Jessie J, Rihanna e Ludmilla são, sem dúvida, referências para mim, que me fazem querer continuar e melhorar todos os dias.

O que diria à Camila da infância?
Diria o que digo em frente ao espelho quase todos os dias: "Força, tu consegues! Só tu podes lutar por ti. Confia em ti, mesmo quando o mundo não entende. A tua luz vai incomodar quem vive na sombra, mas vai guiar quem precisa dela."

Há alguém com quem gostasse de cantar?
Desde pequena que digo sempre que só morro se tiver uma música com a Giulia Be (risos)

O que podemos esperar para 2025?
Muitas novidades e coisas boas a chegar, que eu não posso ainda revelar, por isso, para já, fiquem com este EP e façam das minhas histórias as vossas também.

Onde se imagina daqui a 5/10 anos?
É uma pergunta complicada… Eu não sei onde vou estar, nem como vou estar. A única coisa que posso prometer é que não vou parar de lutar e de tentar. Se daqui a 5 anos estiver a cantar e a representar, com certeza irei estar de coração cheio! E com muito mais histórias para contar (risos).

Relacionados