Na noite da passada quinta-feira, dia 1, Ana Arrebentinha estreou, no Estúdio TimeOut, em Lisboa, o novo espetáculo, chamado "Não estavas capaz... não vinhas". Tratou-se, de acordo com a humorista, de uma noite "emocionante", não só pela importância inerente a uma estreia, como também pelo facto de a mãe da jovem ter morrido há cerca de 15 dias.
"Foi emocionante, houve muita emoção, muita energia. Houve ali alguma coisa que foi incontrolável. Acredito muito que os meus pais estiveram comigo, onde quer que eles estejam, porque sei que aquela energia [veio de algum lado]. Eu acredito nisso e quem perdeu alguém agarra-se a estas energias, para apaziguar a dor. Senti uma força que não sabia que tinha, é muito difícil explicar o que senti. Senti-me segura, mas uma segurança leve, muito profissional. Senti-me genuinamente realizada em palco", começou por nos dizer, em exclusivo, horas depois da referida atuação.
"Tenho uma grande equipa atrás de mim, que fez com que tudo aquilo acontecesse, e tive, na plateia, colegas de trabalho, amigos, público que me segue há anos e público novo, que também me transmitiu essa segurança e essa energia. Foi um espetáculo que eu já queria fazer há muitos anos, mas sabia que tinha de trabalhar para chegar até aqui. Digo isto com toda a humildade, porque fui aprendendo. Este espetáculo foi o resultado de 12 anos de muito trabalho. O texto foi todo escrito por mim, ao pormenor. Na altura, a minha mãe estava comigo em casa e gostava de ouvir as piadas. Dizia-me o que podia ou não funcionar, era muito engraçada a maneira como criticava a apresentação, de uma forma muito querida e carinhosa. Sem dúvida que foi um marco importante na minha carreira. Senti muito orgulho no meu trabalho e modéstia à parte, acho que já merecia fazer isto", continuou Ana Arrebentinha.
No final de "Não estavas capaz... não vinhas", a SELFIE presenciou outro momento arrepiante. A comediante desceu do palco e deu um longo abraço a um dos irmãos. "Foi muito importante aquele abraço. Somos só nós agora e como um dos meus irmãos me diz: 'Agora, com duas estrelinhas, ninguém nos pára!'. É muito isto", comentou a jovem.
Por fim, quisemos saber como é que se consegue fazer comédia, quando a própria alma chora. Além da morte da mãe, Ana Arrebentinha perdeu o pai há cerca de dez anos.
"Consegue-se devido ao poder da comédia. A comédia limpa a alma, tanto para o artista como para o público. O público é que nos ensina isto. E eu não sei da vida das 100, 200 ou mil pessoas que estão na plateia. Provavelmente, também podem estar na minha situação ou noutra. O facto de se disponibilizarem para irem a um espetáculo de comédia é porque pretendem limpar a alma, querem rir para ajudar a ultrapassar os problemas. Nós, artistas, também temos de nos disponibilizar, mesmo que estejamos a passar pela pior fase da nossa vida, para dar ao público o melhor espetáculo do mundo", rematou.
Veja, agora, como foi a estreia de "Não estavas capaz... não vinhas".