No programa "À Conversa com Ana Rita Clara", Álvaro Faria recordou o percurso pessoal e profissional. "Estreei-me antes do 25 de abril. Foi na companhia do Teatro Nacional, que, na altura, estava no Teatro da Trindade. Tive muita sorte no meu papel de estreia, porque não é normal um estreante ter um papel daquela importância. A peça esteve para ser cortada pela censura", começou por assinalar o ator, de 69 anos.
Nesses primeiros anos de teatro, Álvaro Faria acabou por viver um episódio impactante: "Entretanto, depois do 25 de abril, aí por 1975, foi um período bastante conturbado em que aconteceu muita coisa, incluindo bombas que eram colocadas em alguns sítios e assaltos a sedes partidárias... E alguém pôs uma bomba no Teatro Aberto. Devo dizer que a ideia não era matar ninguém. Estávamos apenas em ensaios. Não havia público, não havia nada. Puseram uma bomba junto à entrada, onde havia uma cabine telefónica. Estávamos a fazer ensaios e despachei-me mais depressa, passei pela cabine e pus umas moedinhas para telefonar a um amigo. Ele vivia com os pais e eu pensei: 'Ah, se calhar é chato, os pais devem estar a dormir.' Então, tirei as moedinhas. E saí. Cinco segundos depois, aquilo explodiu."
"No início, o meu pânico não era em relação a mim. Aquilo estava tudo cheio de fumo e nem percebi onde tinha sido. Pensei nos meus colegas, que estavam lá dentro. No início, não percebi onde estava a bomba. Só depois é que percebi que estava onde eu tinha estado exatamente", completou.