Entrevistas

Prestes a estrear-se na Netflix, Pedro Hossi confessa: "Nunca tive um plano B"

Pedro Hossi dá vida a Xanana Gusmão no filme "Sérgio", que vai estrear-se na Netflix, e, em conversa com a SELFIE, desvendou como foi trabalhar neste projeto internacional, bem como o que tem preparado para 2020.

- Como foi dar vida a Xanana Gusmão no filme "Sérgio"?
Fazer parte de um projeto desta envergadura só por si já é um motivo de grande felicidade. Apesar de o filme ser sobre a vida do Sérgio Vieira de Mello, é interessante perceber o contexto da sua passagem por Timor Leste e a relação que acabou por estabelecer com Xanana Gusmão e com o povo de Timor. Lembro-me de ter lido o guião e de ter ficado, imediatamente, com a sensação de que estava perante uma obra muito bem desenvolvida.

- O que sentiu quando recebeu o convite?
Passaram-se algumas semanas entre o pedido de casting e a resposta de que o papel tinha ficado comigo. Comecei por estar confiante, mas, com o passar dos dias e ausência de feedback, comecei a achar que, provavelmente, o papel teria ficado com outro ator. Escusado será dizer que foi com muita alegria que recebi o telefonema a dizer que o papel era meu.

- Como foi contracenar com este elenco?
Trabalhar com o Wagner Moura era um desejo antigo... É, sem dúvida, um dos grandes atores da minha geração, alguém cujo trabalho sigo há muitos anos e com muita atenção. Mas o que não falta neste filme é gente talentosa, foi uma honra dividir o “set” com atores como a Ana de Armas, o Clemens Schick e o Brian O’Byrne, só para mencionar alguns.

- Quem é o seu herói na vida real?
Eu tenho um coletivo de heróis, nomeadamente pessoas que fazem a diferença num mundo cada vez mais polarizado. Estamos a viver uma fase estranha da nossa existência, que pede tudo menos passividade. Os meus heróis são todos aqueles que tentam, de forma real e ativa, fazer deste planeta um sítio melhor.

- Sempre sonhou ser ator? O que sonhava ser em criança?
Sempre fui apaixonado por cinema e fascinado pela presença e força de alguns atores/atrizes. Não sei se ser ator foi um sonho de infância, mas foi algo que ganhou muita força com o decorrer do tempo. Nunca tive um plano B, olhando para trás isso é muito óbvio agora. Quando pisei num palco pela primeira vez tive a sensação de ter chegado a casa, de ter encontrado um grande amor, que ainda hoje o é.

- Como iniciou a carreira na representação?
Comecei por fazer teatro no universo de Nelson Rodrigues, pelas mãos do encenador António Terra. Mais tarde, fui para Nova Iorque estudar. Lembro-me de ter chegado ao Lee Strasberg Theatre Institute e de ter ficado com a sensação de que nada sabia... Foi um grande exercício em humildade, perceber que estava rodeado de gente tão talentosa numa cidade tão competitiva como Nova Iorque. Foi aí que tudo começou.

- Também fez alguns projetos como produtor e realizador, na Moda, Fotografia... Qual a área que mais o realiza?
Realizei, produzi e atuei no meu próprio filme, "Man and Woman". Não creio que volte a repetir essa experiência, de me dirigir a mim mesmo... Aquilo que me dá mais prazer nesta vida é representar, acredito ser esse o meu grande amor. Mas tenho outras paixões, nomeadamente a fotografia.

- Protagonizou um beijo homossexual que deu que falar na novela "Jikulumessu". Como lidou com essa situação?
Lembro-me desses tempos com muito carinho. Estávamos a fazer uma novela, mas, acima de tudo, tínhamos todos a sensação de estar a criar um produto com muita qualidade. Tudo o que aconteceu em torno desse beijo serviu para criar diálogo sobre o tema da homossexualidade, e isso foi benéfico.

- Qual a personagem que mais gostou de interpretar?
É sempre difícil responder a esta pergunta... Talvez o personagem que interpretei no primeiro filme que fiz como protagonista. Filmamos grande parte da história no México, foi um processo incrível de preparação! Éramos um grupo de gente feliz e tínhamos bem noção disso! Alguns dos atores com quem contracenei no filme “ Borderline” ainda se encontram entres os melhores amigos que tenho nesta vida. Portanto, em vez de escolher um personagem, prefiro escolher um projeto.

- E qual a que faz parte dos seus sonhos?
Gostaria de dar vida a Hamlet no Teatro. É um sonho antigo que espero concretizar.

- Pode desvendar um pouco dos seus próximos projetos?
Estou a filmar e a editar uma série de entrevistas que, em breve, serão lançadas ao mundo e devo voltar a fazer teatro e cinema este ano.

- Como divide o tempo entre Angola e Portugal?
Na verdade, passo mais tempo em Lisboa do que em Luanda. Mas volto a Angola sempre que posso, até porque é lá que vivem os meus pais e onde tenho um aglomerado grande de amigos.

- O que mais ama em cada País?
Apesar de ter nascido em Angola, vim para Portugal muito cedo, com dois anos... Foi cá - em Portugal - que fiz o ensino primário e secundário, onde fiz as primeiras amizades, onde me apaixonei por futebol e pelo 'meu' FCP.
Em Angola, descobri o mar, a dança e os primeiros amores. São dois países que carrego bem dentro do meu coração.

- Já viveu em várias cidades, qual a sua favorita?
Talvez Nova Iorque... lembro-me com alguma nostalgia dos tempos em que lá vivi.

- Qual o segredo da boa forma aos 41 anos?
Tento cuidar da minha alimentação. Medito e faço desporto com frequência, nomeadamente Surf.

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