Entrevistas

Cláudia Lopes de regresso à TVI: "Nunca senti que me afastei do MaisFutebol"

A SELFIE esteve à conversa com Cláudia Lopes, que, depois de uma breve passagem pelo Departamento de Comunicação do Sporting, está de regresso à TVI e voltará a apresentar o MaisFutebol.

Cláudia Lopes
Cláudia Lopes

- Falar do MaisFutebol é falar de Cláudia Lopes, que está no projeto desde sempre. As razões que a fizeram permanecer no programa, durante 10 anos, são as mesmas que, agora, a fizeram querer voltar?

Para mim, é sempre muito complicado falar do MaisFutebol, porque é uma coisa que faz parte da minha vida. Desde 2009, quando cheguei à TVI, fiz sempre o programa desde aí, com exceção durante a minha licença de maternidade e, agora, durante este período de alguns meses. É estranho, mas nunca senti que me afastei do MaisFutebol, porque continuei no grupo do WhatsApp com eles, continuei a falar e a almoçar com eles, porque eles não são só pessoas com quem eu faço um programa há muito tempo. São verdadeiramente meus amigos e nós podemos mudar as circunstâncias da vida, mas, geralmente, não mudamos muito de amigos, portanto, não tenho esse sentimento de ter saído ou de voltar, porque é sempre muito presente na minha vida.

- Sendo um "universo mais de homens", a verdade é que muitos espectadores pediam o regresso da Cláudia. Olhando para trás, o caminho foi difícil, até chegar aqui?

Eu entrei no jornalismo desportivo em 1998 e é o universo onde eu sempre estive. A grande maioria da minha vida adulta foi passada neste universo do desporto, do futebol. Foi aqui que cresci. É um mundo com as suas idiossincrasias, com as suas particularidades, mas que é o meu mundo, portanto, já não o estranho.

- Quando saiu, na sua cabeça e no seu coração, acreditava que ia voltar, mais cedo ou mais tarde?

Não sou dada a grandes despedidas nem a grandes entusiasmos no regresso. A vida é um momento, é feita de etapas e cada etapa acontece porque tem de acontecer, crescemos, enriquecemos e aprendemos com cada etapa. No meu coração, não é voltar, nem estar, é aproveitar o momento. É agarrar a oportunidade que te é dada, com as duas mãos, aprende o mais que puderes, enriquece o teu conhecimento e a tua carreira profissional. É nesse sentido de aprendermos sempre. Sou muito racional nesse tipo de coisas, mas a verdade é que nunca me desprendi emocionalmente do MaisFutebol e das pessoas. A minha ligação à TVI é muito forte, é uma camisola que está sempre até aos calcanhares. É mais do que uma empresa, a ligação é, de facto, muito forte, nunca tens aquela sensação de que sais, porque tens muitos amigos, pessoas com quem falas quase todos os dias.

- Na altura, o que a levou a abraçar um novo desafio?

O que me levou a aceitar foi o desafio, o tamanho do desafio.

- Que memórias/momentos guarda da passagem pelo Departamento de Comunicação do Sporting? O que foi mais desafiante?

Aprendi muito com esta experiência. Para alguém que está no jornalismo desportivo, como eu estou há tantos anos, é como veres o lado de lá da cortina, é como espreitares o que está do outro lado, é como viveres por dentro. O conhecimento que me dá daquilo que é a realidade do futebol, do lado dos clubes, é de uma dimensão épica.

- O Jornalismo falou mais alto?

O Jornalismo e a Comunicação são mesmo duas paixões que eu tenho e não acho que sejam duas coisas assim tão distantes uma da outra nem são linhas que caminham de forma paralela, cruzam-se muito. A minha licenciatura é em Marketing e Comunicação. O Jornalismo é uma vocação e acho que qualquer coisa que faça na vida nunca deixo de ter o espírito de ser jornalista ou de me sentir jornalista, porque acho mesmo que é uma vocação.

- Durante este período, o Pedro Ribeiro assumiu a condução do MaisFutebol. A Cláudia continuou a acompanhar como espectadora?

O programa esteve muito bem entregue ao Pedro, que é um comunicador nato. O Pedro Ribeiro, de quem eu tenho o privilégio de ser amiga há muitos anos, é, para mim, um dos maiores comunicadores deste país. Eu sei que parece um bocado puxa-saquismo porque nós somos amigos, mas eu acho que ele faz tudo bem. Faz muito bem televisão, a rádio é uma coisa que lhe está no sangue, para ele é como respirar... Dito assim, parece que não dá trabalho, mas dá e ele tem um trabalho que fala por ele à frente da direção da Rádio Comercial. Sobre o MaisFutebol, vi alguns programas, não vi todos por constrangimentos profissionais, mas fui sempre acompanhando tudo o que se passava.

- Depois desta pandemia, acha que vai encontrar um jornalismo diferente?

Nada está igual, estamos todos diferentes, o mundo mudou, a forma como nos damos com as pessoas mudou. Tirando o meu filho e o meu marido, não abraço ninguém desde março, e isso, para mim, é uma coisa muito estranha, porque sou uma pessoa que valoriza muito o toque, sou muito afetiva com as pessoas próximas. A minha mãe tem 80 anos e não a abraço desde março e isso faz-me confusão. Neste contexto, é óbvio que o jornalismo está diferente, é óbvio que todos nós estamos diferentes e, agora, há um caminho para nos reencontrarmos nesta nova normalidade.

- O que podemos esperar de novo do MaisFutebol? Vai ter de reinventar-se?

Nesta fase, não tem grande margem para fazer muito diferente. Foi muito complicado para todas as empresas esta paragem na pandemia. Não era o tempo de mudar cenários, genéricos... Muita gente, durante muito tempo, esteve em teletrabalho, e, portanto, são tempos muito exigentes e mais exigentes, acima de tudo, pelo conteúdo. Pudemos perceber, durante a pandemia, que as pessoas se habituaram a todo o tipo de conteúdos, nas redes sociais, coisas muito menos formais do que eram os olhos com que olhávamos para a televisão. Hoje, está tudo habituado a diretos, ao skype, a redes sociais, e a uma grande informalidade que o MaisFutebol já tinha e que sempre teve. Vamos poder manter, acima de tudo, aquilo que é a nossa linha: o rigor e a seriedade, mas isso não é sinónimo de não nos podermos rir, de não podermos brincar, de não podermos desfrutar e ter prazer com uma coisa que todos gostamos: o futebol. Acho que isso foi o que sempre nos distinguiu de uma série de outros programas.

- Olhando para trás, quem é a pessoa a quem mais se sente grata?

Eu sou, genuinamente, uma pessoa grata. Sou grata aos meus amigos e à minha família, que são o meu primeiro pilar, e ponho-os em pé de igualdade. A minha família é tudo para mim, assim como aqueles amigos do meu núcleo duro, que têm sido um grande apoio nesta fase de regresso, por me verem voltar a fazer uma coisa que eles sabem que me dá tanto prazer e tanto gozo. Também há muitas pessoas com quem trabalhei e às quais sou grata pelas oportunidades que me deram. Algumas estão na TVI, outras já saíram, outras ainda do tempo da RTP, pela oportunidade que me deram de começar a fazer televisão, mas acho que, neste momento, sou grata à equipa do MaisFutebol, ao Pedro Ribeiro, que ficou com a espinhosa tarefa de fazer o programa, ao Barbosa, ao Nuno Gomes, pessoas de quem gosto muito... à Catarina Pereira, ao Luís Pedro... Sou-lhes muito grata. Seria da maior injustiça não falar, também, do Sérgio. Gosto muito do Sérgio Figueiredo, tenho muito respeito profissional por ele, deu-me imensas oportunidades dentro da TVI, voltou a dar-me uma enorme oportunidade por voltar a deixar que eu faça uma coisa que ele sabe que gosto de fazer. O Sérgio pode contar, sempre, comigo, para o que der e vier, para qualquer que seja o desafio. Já me propôs alguns desafios diferentes do desporto, por exemplo, e eu tentei, sempre, dar o meu melhor, para não o desiludir.

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