Carlos Costa reaproxima-se da mãe e anuncia mudanças: "Consegui curar certos pensamentos"

A SELFIE desafiou Carlos Costa a falar-nos sobre a primeira pessoa que vai querer abraçar e beijar quando esta pandemia do coronavírus terminar.

"Decidi aceitar o desafio da SELFIE e vou contar-vos uma história muito sincera e verdadeira. Falsas histórias não fazem qualquer tipo de sentido. Estou em Lisboa, sozinho, vivo sozinho há alguns anos. Passei por uma fase na minha vida em que precisei de pensar em muita coisa e parece que esta quarentena veio para eu poder organizar a minha mente. Sinto que há muito por fazer, lá fora, mas, também, sei que é a minha obrigação enquanto cidadão. Desde início, decidi isolar-me", começou por contar o músico.

"Há quase dois anos que não vejo a minha mãe, devido a muita coisa que se escreveu a meu respeito. É complicado ser filho de alguém que tem uma vida normal e, do nada, essa pessoa vê coisas nas revistas sobre o filho: que é gay, muitas polémicas, a passagem pela 'Máquina da Verdade'... e eu cheguei a um ponto em que, para não fazer mal aos meus pais, o melhor que podia fazer era desaparecer da vida deles. Isso foi uma decisão um bocado estúpida", continuou.

Esta quarentena parece ter trazido a calma necessária para Carlos Costa repensar algumas atitudes do passado e tomar decisões para o futuro: "Depois de perceber o que quero fazer à minha vida, depois de perceber que é música que quero fazer, eu quero cantar para vocês, quero agradecer por tudo o que me foi dado, nos últimos anos, por este país fantástico, que é Portugal, e que se está a reerguer e que se vai reerguer desta pandemia."

No entanto, o músico deu-se conta, também, de que precisa da família para poder avançar: "Quero concretizar alguns sonhos e acho que nada disso faria sentido sem a minha mãe. Há muito tempo que eu, realmente, não falava com a minha mãe e, no início desta pandemia, fiz questão de falar com ela. Liguei-lhe e disse-lhe: 'Mãe, preciso de falar contigo'. Nós nunca deixámos de falar, nem os meus pais me julgaram nesse sentido... eu, simplesmente, afastei-me da minha família, de forma inconsciente, para os tentar proteger, para tentar ser eu mesmo, mas, hoje, sim, eu posso ser eu mesmo, e consegui usar esta quarentena para curar certos pensamentos que tinha. Estes dias foram fulcrais para mim e para a minha vida. Façam o mesmo, é um conselho que vos dou. Tracem planos."

Retomar a relação com a mãe é, agora, fundamental para Carlos Costa, que contou à SELFIE: "Tenho falado com a minha mãe, as conversas têm sido muito rudimentares: 'Como é que estás? Está tudo bem?" Mas já estamos a falar, e, isso, para mim, é um passo muito grande. Nós temos meio copo vazio, mas também temos sempre meio copo cheio, e eu acho que devemos usar o meio copo cheio para encher o meio copo vazio. A minha mãe é parte desse copo vazio que eu tinha e é um passo, para mim, gigante, a nível pessoal, que me vai ajudar, certamente, a nível profissional."

Assim que terminar esta pandemia do coronavírus, Carlos Costa já tem planos bem definidos: "Assim que possa sair daqui e abraçar pessoas, eu quero tentar fazer tudo para abraçar a minha mãe. A minha mãe está na Madeira. Quero estar com ela, conseguir sentar-me e explicar-lhe o porquê de eu ser assim, porque, agora, tenho maturidade para o fazer. Antes, não tinha, não conseguia parar e dizer: 'Mãe, os gays existem, a transexualidade existe, existem drag queens'. Agora, sim, eu vou tentar fazer isso. Quero abraçar a minha mãe, quero abraçar-vos a vocês e quero fazer música. Em breve, quero voltar com novos projetos e novos projetos musicais. Chega de polémicas que não acrescentam nada, que não me acrescentam nada a mim, nem a vocês. Chega de revistas cor de rosa e escandaleiras. Lembrem-se de que tive, sempre, uma mensagem muito honesta para todos vocês e, agora, mais do que nunca, que atingi alguma maturidade. Tenho 27 anos, começo a perceber o que é a vida, a valorizar o que é a vida..."

Por último, o cantor deixou, ainda, uma mensagem aos seguidores: "Quero mandar-vos um grande beijinho de agradecimento por estes anos fantásticos, que estejam todos bem, lutem por estar bem, sigam o que vos é recomendado e tudo vai ficar bem. Não se esqueçam de usar a tecnologia para falarem, se tivermos coragem, podemos falar cara a cara, mesmo que pelos telemóveis. Usem esta pandemia para algo produtivo para vocês."

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