"Depressão é quando não te importas com nada. Ansiedade é quando te importas em demasia com tudo. E ter os dois é viver no inferno" foi a citação que Carolina Deslandes escolheu para introduzir o assunto.
"Falar de tristeza incomoda muita gente. Assusta, é chato, não é apelativo nem dá vontade de ficar. Toda a gente é "tua mana" quando apareces com bom ar, bem vestido, com a energia pra cima e vontade de brindar, mas quando estás na merda, triste demais para ir para a festa, cansada demais para fingir que está tudo bem, contam-se pelos dedos de uma mão as pessoas que vão dedicar o seu tempo a tirar-te do buraco mais fundo. Ninguém que falar de depressão, ninguém quer falar de solidão, isso é conversa negativa. E depois vêm os julgadores apontar o dedo e dizer "mas que razões é que tu tens para estar depressivo? Tens tudo na vida" como se a depressão fosse uma escolha, como se fosse um acto de ingratidão com a vida, como se as pessoas não fossem reféns dessa doença e desse estado", começou por explicar.
Respeitem as feridas dos outros porra. Respeitem as suas batalhas, dêem-lhes água em vez de ficarem a apontar para o deserto a gritarem que ele é interminável. A internet constrói vidas de mentira, e constrói a ilusão de que cada um pode dizer o que quer. É preciso muita sabedoria para saber gerir a liberdade de expressão e entender que magoar o outro gratuitamente não é uma expressão de liberdade, é só a constatação de que tu és prisioneiro de ti próprio. Do teu ego, das tuas merdas, da tua necessidade de denegrir o outro. Vamos falar de depressão porque é urgente. É urgente deixar que as pessoas possam procurar ajuda sem serem alvo de chacota. É urgente que as pessoas sintam que a vida delas interessa. É urgente voltarmos a lembrar-nos de que somos pessoas de carne e osso e que a vida pode ser muito f****a. Vamos falar de empatia. E vamos falar de compaixão. Se estás a ler isto, tu importas para alguém. Tu importas", concluiu.