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Dalila Carmo sobre novo projeto na TVI: "Levanta dilemas"

A atriz Dalila Carmo esteve à conversa com os jornalistas a propósito de um novo projeto na TVI.

Dalila Carmo é uma das protagonistas da série "A Filha", que se estreia, em breve, na TVI. Nesta história, assinada por Patrícia Müller, a atriz interpreta Cristina, que, de acordo com Dalila Carmo, "é uma mulher com um desejo profundo de ser mãe": "Ela, de facto, nasceu com esse desejo. Optou por ter esta filha em conjunto com o marido, o que acho que faz com que o casal seja indissociável. Não consigo falar sobre a Cristina, sem falar sobre o José [personagem do Diogo Infante]. Eles são uma família e pensam em conjunto. No entanto, ela é mais pragmática e assertiva do que ele. É interessante explorar a fragilidade no masculino. Ela é bastante mais racional. Ela toma muitas decisões e é muito assertiva, mas é sempre um casal que funciona muito articuladamente."

"Acabam por ter esta criança de forma pouco ortodoxa. Em termos legais e oficiais, é controverso. Foi questionável a forma como ficaram com a criança, mas, acima de tudo, eles têm um amor profundo por esta criança e, daí, existe uma certa negação de viverem à margem da lei. É uma coisa que querem muito", acrescentou, em conversa com a imprensa, à margem das gravações da série.

Para a artista, "A Filha" tem uma história pertinente, tendo em conta o contexto atual: "Cada vez mais, acho que são temas que devem ser falados não só relativamente à maternidade, como, nestas circunstâncias atuais, de guerra, há pessoas que são famílias de acolhimento e, de repente, já estão a ser acusadas de sequestro. É sempre um tema que tem vários lados e vários ângulos. Levanta dilemas no espetador e é disso que trata a ficção: sobre conflito e sobre criar um dilema, no qual as próprias personagens vivem. É uma criança que vive feliz com a família adotiva e é isso que vai desequilibrar a opinião dos espetadores."

Após "João sem Deus", esta é a segunda série consecutiva da TVI, na qual Dalila Carmo participa e, curiosamente, ambas são inspiradas em casos verídicos: "Sim, é a realidade combinada com a imaginação. Mas, de facto, acho que nós temos tantas coisas a acontecer. Esta história [verídica, na qual "A Filha" se baseia] até já tem alguns anos, mas, mesmo na nossa atualidade, basta lermos as notícias e temos muito por onde pegar e acho que é fundamental que cada vez mais se peguem em temas atuais, que se pegue na realidade e nas dificuldades e, sobretudo, na sociedade portuguesa. Temos muitos formatos importados, muitas coisas que são sucessos de audiências, mas acho que faz falta, cada vez mais, retratarmos a nossa realidade, a nossa identidade. E estamos a passar por um processo de desintegração muito grande e, cada vez mais, é importante que se pegue nisso."

A atriz falou, ainda, sobre o caso verídico em que "A Filha" se baseia: "É inspirado, tem muitos elementos de ficção. Lembro-me perfeitamente de achar que era uma crueldade fazer-se aquilo a uma criança. E é engraçado que, agora, já não penso da mesma maneira. É muito difícil pensarmos nisto do ponto de vista da criança, porque estamos aqui a falar, enquanto personagens adultas, mas a verdade é que o olhar dela é o mais importante. Mas, na altura, não conseguia, de facto, ter uma opinião muito fechada sobre os pais. Só pensava na criança e, agora, também estou a pensar na dor dos pais."

Dalila Carmo está tão rendida à história de "A Filha", como ao respetivo elenco. Com um sorriso rasgado, a artista destacou a parceria com Inês Balsa, a criança, de sete anos, que interpreta a personagem que dá o título à série: "Quando se trabalha com crianças, é muito importante que se deixe uma parte do guião aberta, para serem elas a escrever. Não tinha noção dessa necessidade que é: se não conseguir fazer algo que está nos textos, então ela é que sabe. E, se calhar, temos de deixar uma porta aberta para deixar a criança fazer a sua própria narrativa e explorar essa verdade e espontaneidade que não se consegue já com os adultos."

"Somos muito cúmplices, foi uma ligação muito imediata. Ela começou logo, desde o primeiro dia, a vir para o meu colo. E é muito lindo. E, depois, isso é bom, embora dificulte, porque nem sempre temos uma relação de amor nas cenas. Às vezes, ela está triste, eu tenho de estar zangada e é mais difícil chegar a esse sentimento, porque, inevitavelmente, nos agarramos. Aliás, no outro dia, ela estava agarrada a mim e eu disse ao realizador: 'Filma, filma, filma! Ouve o que ela está a dizer!' Às vezes, é preciso apanhar estes momentos, antes de dizer 'ação'. Acho sempre que há certas coisas espontâneas que devemos aproveitar e trazer para a história e adaptar. É mais fácil adaptarmo-nos a ela [a criança] do que ela a nós. É muito difícil pedir a uma criança que seja atriz, com aquela idade. Temos de encarar isto do ponto de vista lúdico: convencê-la de que estamos todos a brincar, com seriedade, obviamente, e com um tema que é muito delicado, mas irmos à realidade dela", acrescentou.

Já com Diogo Infante, existe uma cumplicidade de mais anos. "Estamos é sempre a explorar tipos de relações diferentes. Já tentei seduzir o Diogo, na última relação de casal [na série "Pecado"], estávamos casados, mas nem casal éramos. Corria tudo mal ali e estávamos à beira da rutura absoluta. Aqui, não. É um casal muito unido", afirmou Dalila Carmo.

Uma parte das gravações de "A Filha" decorreu na Figueira da Foz e Dalila Carmo traz boas recordações desses dias de trabalho: "Fomos muito bem acolhidos. Sou do Norte, portanto, a Figueira da Foz nunca me foi desconhecida. Nunca tinha trabalhado lá, nunca tinha tido a possibilidade de trabalhar lá e ficámos lá durante muito tempo. Initerruptamente, foram três semanas. É sempre bom ter alguma relação com décors naturais, também."

Recorde-se que, nestas declarações à imprensa, Dalila Carmo também se mostrou rendida a um momento "muito bonito" que viveu recentemente e abordou as prioridades, enquanto atriz.

Veja, agora, algumas das melhores imagens de Dalila Carmo, nas galerias de fotografias que preparámos para si.

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