Entrevistas

Rui Maria Pêgo: "Senti sempre que pude ser o homem que quis"

O comunicador Rui Maria Pêgo teve uma conversa emotiva com Fátima Lopes, no programa "Conta-me como És".

  • 27 jul 2019, 19:58
Igor Pires

Rui Maria Pêgo foi o convidado deste sábado, dia 27, de Fátima Lopes, no programa "Conta-me como És". Numa conversa franca, o comunicador abordou o seu trajeto pessoal e profissional, passando ainda pela luta pública pelos direitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgéneros). Recorde-se que Rui Maria Pêgo já se assumiu publicamente como homossexual e marca presença nas marchas LGBT. 

“As lutas LGBT são muito importantes, porque essa luta é também a luta das mulheres, é a luta contra o racismo… É a luta de todos.Uma marcha é importante, porque é o momento para estarmos todos juntos. É preciso haver um 'Pride', porque há pessoas que são assassinadas. Ainda há poucos dias um miúdo, de 17 anos, foi espancado em Coimbra por três homens. Os pais estarem presentes num momento como uma marcha LGBT é fundamental para dar a sensação de que os filhos são protegidos. As famílias são fundamentais”, afirmou.

Ao recordar a vida profissional, Rui Maria Pêgo sublinhou as consequências de ser filho de duas figuras públicas,  Júlia Pinheiro e Rui Pêgo.

“É muito importante não pedirmos desculpa por sermos quem somos e eu tive essa dificuldade. É sempre difícil seres filho de alguém que é reconhecido de alguma maneira. Esta coisa de haver sempre uma leitura sobre ti é injusta”, desabafou o locutor, que ainda recordou a infância. “A dada altura queria ser só uma criança, não queria ter que estar preocupado com o que é que as outras pessoas achavam e aos dez anos já estava preocupado com isso. A primeira vez que entrei no quadro de honra na escola disseram-me que só entrei porque era filho da minha mãe. Lembro-me de estar na varanda agarrado ao meu cão preocupado a pensar: 'será que só foi mesmo por isso?'. Foi o primeiro sítio de dúvida. Eu consigo perceber. Nós vivemos num país muito corrupto, que facilita bastante, e eu usufruo à partida desde criança de um protagonismo extra. Isso é um privilégio e um problema, sem dúvida."

Rui Maria Pêgo revelou, ainda, a vontade de viver noutro país para aproveitar uma experiência totalmente distanciada de tudo: "Não quer dizer que as pessoas me ataquem na rua, não é nada disso, mas há muito tempo que sei o que é que é ter uma persona pública. Por isso é que existe esta minha luta pela autenticidade, pelo espaço e pela voz. Tive que ser eu a arranjar a minha voz, eu a arranjar o meu tempo. E tive a sorte de que isso fosse possível."

No decorrer do programa, Rui Maria Pêgo foi recebendo mensagens de pessoas mais próximas. O pai foi uma delas.

Após escutar as palavras de Rui Pêgo, o jurado do programa "A Tua Cara Não me é Estranha" admitiu: "Senti sempre que pude ser o homem que quis. Não houve ali uma coisa de que tens que ser um homem desta forma… Visto o que quero, comporto-me como quero. O meu pai sempre foi um fã do meu talento e da minha voz. Tem sido muito engraçado vê-lo gerir os disparates que vou fazendo."

(Re)veja a entrevista na íntegra. 

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