Entrevistas

Paulo de Carvalho: "Sinto-me mal apreciado pelos meus pares"

O cantor Paulo de Carvalho abriu o coração a Fátima Lopes no programa "Conta-me Como És".

  • 27 abr 2019, 18:06
Igor Pires

Paulo de Carvalho foi o convidado desta semana de Fátima Lopes no programa "Conta-me Como És", numa entrevista emitida dois dias após a celebração do 45º aniversário do 25 de abril.

A propósito da relação entre a música e um dos dias mais relevantes para a Democracia portuguesa, o cantor explica que tudo não passou de um "acaso": "Foi um acaso, mas a cantiga foi escolhida como primeira senha do movimento dos capitães. Isso eu gostava que não fosse esquecido, e muitas vezes é. Se alguém merece estar à frente desta música toda portuguesa, é o José Afonso, não é mais ninguém. Só que não podia passar na rádio naquela altura, por isso é que foi escolhida o 'E Depois do Adeus', senão era o 'Venham Mais Cinco', hoje já sei que era essa música. Aconteceu. Foi a música que representou a RTP no Festival da Eurovisão daquele ano. Talvez tenha feito algum sentido. Representava novas formas de compor, de cantar."

Já nos dias de hoje, Paulo de Carvalho sente-se mal apreciado pelos seus pares, de modo geral, mas garante que não lhe afeta grande coisa, porque sabe o que faz. "Gostava que falássemos mais. Que estivéssemos mais juntos", confessa.

Entre os vários testemunhos que passaram no programa, um dos amigos do artista, João Malheiro, classificou Paulo de Carvalho como "a melhor voz do nosso país"... algo que o próprio discorda: "Não sou falso modesto, mas também há muita gente a cantar muito bem em Portugal, homens e mulheres."

Relembrando os tempos vividos antes do 25 de abril, Paulo de Carvalho conta que o próprio e as pessoas da sua altura se habituaram que existia uma forma de censura, só que, atualmente, o cantor considera que também existe uma censura diferente: "O silêncio. Tu silencias uma pessoa e as outras pessoas não conhecem, não sabem o teu trabalho. Eu ao fim deste tempo todo, é uma coisa que me honra bastante, atenção, mas continuo a ser o fulano do 'E Depois do Adeus' e de 'Os Meninos de Huambo' e eu já fiz muito mais coisas depois disso." 

"Eu não pertenço a nenhum lobby. A maior parte das vezes até estive fora dos sítios mais ou menos certos para se saber das nossas vidas. Hoje em dia vive-se de uma forma mais rápida, as referências são quase nenhumas", acrescentou o pai de Agir.

Atualmente, Paulo de Carvalho é casado com Susana Lemos, 27 anos mais nova. O músico diz que, "provavelmente, é com a Susana que tem uma relação mais profunda e, talvez, a mais bonita de todas". Juntos há aproximadamente 20 anos, o casal tem duas filhas: Flor, de 11 anos, e Maria, de 16. "Ao princípio sofremos bastante. Quando era para falar de mim era porque eu me estava a aproveitar da miúda. Quando era ao contrário era porque ela se estava a aproveitar do artista", recorda Paulo de Carvalho.

O cantor é também pai de Bernardo, mais conhecido por Agir, de 31, Mafalda Sacchetti, de 42, e de Paulo Nuno, de 51. "São filhos de épocas diferentes da minha vida. As mães contribuíram muito para que eles sejam as pessoas que são", explica. 

"Tinha 20 anos quando me casei pela primeira vez. Era um tontinho. Eu fui tão sério, tão sério, que casei 5 vezes. Nunca andei com 2 mulheres ao mesmo tempo. Eu digo isto a brincar, atenção", conta o músico.

(Re)veja a entrevista completa. 

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