Todas as vezes que Carolina Deslandes recorda o avô - que faleceu em 2015 - os fãs se emocionam. E foi o que aconteceu, mais uma vez, no sábado, dia 25 de abril.
No Instagram, a cantora quis prestar uma homenagem ao familiar, começando por relembrar um momento marcante vivido com o avô: "Tinha 8 anos e fomos almoçar a um restaurante no Alentejo. Depois do almoço, comi um gelado gigante e, no final, o senhor mostrou-te um livro grande com vários poemas e opiniões que as pessoas deixavam escritas sobre as refeições que lá se faziam. 'Sr. doutor, gostava muito que deixasse aqui umas palavras'. Olhaste para mim, passaste-me o livro e a caneta e disseste 'Muito obrigado, mas quem vai escrever um poema é aqui a minha neta Carolina'. Não me lembro do que escrevi, mas sei que terminei com a frase 'hei-de vir cá outra vez' e ficaste muito orgulhoso, porque tinha escrito 'hei-de' com o h e o hífen no sítio certo. Foi a primeira vez que escrevi um poema num caderno que não fosse só meu, e foi também a primeira vez que senti que acreditavas em mim. Mais do que eu e talvez mais do que toda a gente".
"Todos os dias, depois de almoço, pedias-me para cantar, e cantavas comigo. Desafinado, mas feliz, com uma voz que fazia tremer o chão da casa. Foram também esses os meus primeiros concertos. E, também essa, a primeira vez que descobri que gostavas de me ouvir cantar. E isso bastava-me. 'Vais ser artista', dizias à boca cheia. Sem medo da incerteza que isso traria, sem medo do futuro, com absoluta confiança em mim", acrescentou.
Carolina Deslandes lamenta que, apesar do estímulo do avô, o familiar não tenha conseguido assistir às conquistas profissionais da cantora: "Não chegaste a ver as salas cheias, não chegaste a dividir o palco comigo como disseste que iríamos fazer, não chegaste a ver o Coliseu e a ver-me cantar com os cantores que ouvíamos em casa e sabíamos de cor. Eu queria só mais um bocado, sabes? Só mais um bocadinho, para que tivesses visto o que criaste. Toda a curiosidade que alimentaste, todo o amor e toda a confiança, construíram esta árvore que dá frutos, sombra e abrigo. Foste tu. Não estás cá, mas estás. Não vês? O amor fez-te imortal e as canções também. Acendem-se milhares de luzes a cada vez que canto sobre Ti. E, no final de tudo, dividimos o palco na mesma, cantamos juntos na mesma, e continuas vivo. No meu jeito de espirrar igual ao teu, na curva do pé da Vera igual à tua, nos olhos da avó, na gargalhada da minha mãe, nas histórias da Tia Maria e nos sonhos dos meus filhos".
"Obrigada, Avô. Foste tu que fizeste o meu desenho, obrigada por não teres tido medo de pintar fora das linhas. Até sempre", termina a artista.