O tema "Estás Onde?" é mais uma aposta sua numa canção em português. Por que motivo é que está a acontecer esta mudança da língua inglesa para o nosso idioma?
Tem sido uma transição bastante natural. A verdade é que a maior parte destas músicas, escritas em português, saiu toda na mesma altura e esta canção não saiu de forma pensada. Nem de perto, nem de longe. Aliás, até foi composta numa tarde em que estava a tocar guitarra em casa da Carolina Deslandes. E foi assim que a música surgiu. Sempre cantei em inglês e é assim que o público melhor me conhece, mas também nunca cortei esse lado [de cantar em português]. Simplesmente, era o que me fazia mais sentido na altura. E, pronto, agora estou nesta "onda" em português. Isto não significa que não vá lançar temas escritos em inglês. Significa que esta forma de compor é a que me diz mais.
Encontra diferenças entre cantar e compor em inglês ou português?
Claro! Para mim, é muito mais fácil compor em inglês, assim como cantar em inglês. Tem sido um desafio, para mim, cantar e compor em português. Sempre o fiz em inglês, que é a minha segunda língua. Mas tem sido um desafio bom e, rodeada das pessoas certas, se torna mais fácil.
O videoclipe foi gravado no Salão Preto e Prata do Casino Estoril. Porquê a escolha deste espaço?
A verdade é que estava à procura de um camarim muito bonito, porque estávamos a tentar fazer uma réplica de um espetáculo meu e da saída de um espetáculo meu. A sala é das mais bonitas do país e mesmo o espaço de camarins é espetacular. Fez-me todo o sentido que o videoclipe fosse filmado lá.
E qual foi a inspiração para o videoclipe?
Não diria que tenha havido uma inspiração. Acho que a inspiração é mesmo a minha história. Sinto que o público me conhece como uma persona distante. A nível de imagem, de como sempre apareci em concertos, com muito glam e tudo e sinto que esta música e este videoclipe vieram para mostrar o meu outro lado, um lado mais humano. A inspiração é mesmo essa, para que as pessoas conheçam essa minha vertente. Esta minha parte mais pessoal.
Por que motivo sentiu necessidade de "despir a personagem" da April e dar a conhecer o lado mais íntimo da Mariana?
Senti essa necessidade, porque sinto que as pessoas se esquecem de que por trás de uma figura conhecida de um artista ou de um apresentador, por exemplo, há uma pessoa e essa pessoa tem sentimentos e a verdade é que o público só vê um lado, o que nós expomos, mas acontecem muitas mais coisas nos bastidores. Achei que fazia sentido, neste momento da minha carreira, mostrar esse meu lado mais vulnerável.
A letra deste novo single retrata o final de uma relação. Podemos dizer que é um desabafo da própria April, neste caso, da própria Mariana? É uma canção autobiográfica?
Todas as minhas canções são autobiográficas. Se estou a lançar uma canção, à partida, só a lanço, porque me identifico com o que estou a dizer. Por isso, sim, é uma canção autobiográfica.
Os desgostos de amor podem ser uma fonte de inspiração?
[risos] São das melhores fontes de inspiração! É a altura em que se faz melhor música.
Essas alturas de tristeza, de melancolia são boas inspirações...
Sim. Quer dizer, também se faz muita música, quando estamos felizes. Mas a verdade é que há sempre assim uns rasgos de imaginação, quando passamos por desgostos. Sejam eles quais forem.
É possível que, tal como aconteceu com o "Modo Voo" [música que April Ivy apresentou no Festival da Canção], haja uma associação entre a letra desta música e o fim da relação com Rúben Dias. O que tem a dizer sobre tipo de associações?
Acho que as pessoas só sabem o que quero que elas saibam. E a verdade é que isso é tudo especulativo. Aliás, em momento algum, disse que o "Modo Voo" tem a ver com relações. Sinto que as pessoas gostam de fazer associações a uma relação que terminou já há quase dois anos, mas acho que cada um retira o que quiser... Gosto de deixar sempre que as pessoas interpretem como quiserem e adaptem à respetiva vida. Quando uma música sai, deixa de ser minha e passa a ser do público. Este "Estás Onde?" é, de facto, uma canção que fala sobre o final de uma relação (que até pode ser a nível profissional), mas não é nenhuma indireta para ninguém, nem tenho essa intenção.
Recorde-se que, nesta entrevista exclusiva, April Ivy aborda, ainda, a veia de atriz, a recente participação no Festival da Canção e a atual vida amorosa.