No seu perfil do OnlyFans, diz: "Nada temo, nem escondo". É assim desde sempre ou o tempo ajudou-a a viver a vida que quer viver?
Nunca tive duas caras desde que me conheço como gente. Mas tive uma vida completamente nos trâmites em que a sociedade vive até o meu pai ir para o Brasil. Desde pequena, nunca tive medo de nada. Nunca fiz uma asneira e não assumi que fui eu. Nunca tive vergonha de pedir, nunca tive vergonha de dizer "não quero"... A minha personalidade é assim!
Que vida tem hoje?
Agora, 90% do meu tempo é dedicado aos meus filhos, à minha neta e ao bodybuilding. No resto do tempo, trato da minha loja, por exemplo.
Quando e porque decidiu enveredar pelo bodybuilding?
Foi no meio da pandemia. Eu sempre quis e nunca fiz. O ser humano tem a tendência de querer mas de não fazer. Se não levantarmos o rabo, ninguém vai fazer por nós. O que custa é o primeiro passo. Na altura, decidi que gostaria de ser o que nunca fui. Sempre quis ser bodybuilder.
Houve algum clique para pensar "este é o momento"?
Houve, sim. Foi a própria pandemia. A pandemia fez-nos pensar em nós. Depois, o mundo voltou a andar e as pessoas voltaram ao que eram. Começou tudo novamente a encostar-se à zona de conforto e eu não. Continuei.
Foi quase como recalcular a rota?
Foi exatamente isso.
Isto levou, acredito eu, a mudanças no seu dia-a-dia. Alguma vez tinha feito exercício físico de forma regular?
Não. Ia um mês ao ginásio e falhava o seguinte. Antes, tinha sido bailarina de ballet clássico durante muitos anos. Agora, quis finalmente descobrir este meu "eu". Esta é uma vida muito solitária! Ninguém está para me aturar a pesar a comida que como! Ninguém está para me aturar a treinar duas vezes por dia. Esta é uma vida de introspeção! E esta é a vida que eu quero.
Alguma vez pensou em desistir?
Não. Quando viajo para fora, não deixo de treinar, por exemplo. Escolho sempre hóteis com ginásio. Tive uma lesão num ombro, que ainda estou a tratá-la, mas que fez com que eu estivesse mais parada. Caso contrário, já teria competido neste ano. Estive seis meses sem treinar membros superiores! Por isso é que eu não me atirei para os palcos.
Voltando às mudanças, já me falou da alimentação. E mais?
Disciplina, foco, determinação, mudança do "eu", mudança de hábitos... Até mudança de companhias! Se me junto a um núcleo de pessoas que são sedentárias, que não treinam, que só querem copos... Cada um sabe de si, mas, no meu caso, nunca me levam para o mal! Para o bem, só se eu quiser [risos]. Deixei de sair à noite, não me deito mais tarde do que as 22 horas, acordo às 6 horas da manhã, faço dois cardios por dia, ando 12 quilómetros diários...
Todos os dias?
Faço sete dias de treino semanal. Não descanso. Mas ainda tenho de perder dez, 12 quilos...
Como é a rotina de treinos?
Às 6 horas da manhã, faço cardio, em jejum, em casa. Depois, vou levar a minha filha Maria à escola, faço um treino funcional e mais uma hora de cardio.
Nasceu uma nova Andreia Leal?
Nasceu, completamente. Eu não sabia o quão feliz conseguimos ser connosco mesmos. Eu também tenho os ingredientes todos - os meus filhos e a minha neta -, mas eu não sabia que era possível sermos tão felizes ultrapassando os nossos limites. Até estou arrepiada a dizer isto! Sou mesmo outra pessoa.
Ou seja, esta mudança vai muito além do corpo.
Muito além! Mente sã, corpo são. Isto é 60% mente, 40% corpo.
Estabeleceu alguma data para começar a competir?
Vou para ganhar. Vou mesmo! Estou à espera do calendário, mas presumo que comece a competir em fevereiro, março do próximo ano.
Até onde quer chegar no bodybuilding?
Quero ser a melhor em Portugal. Depois, quero ir aos Estados Unidos e ao Dubai. Vou ser uma referência no bodybuilding. Tenho a certeza disso.