Será que a Pipoca Mais Doce sabe quantas peças tem no armário?

No âmbito do programa "Começar do Zero", que promove o desapego dos bens materiais, a Selfie esteve à conversa com Ana Garcia Martins, autora do blogue A Pipoca Mais Doce, que mudou, recentemente, de casa. Ficámos, ainda, a saber tudo sobre o armário da blogger e as idas ao shopping.

Ouvimos dizer que mudou de casa recentemente. Como correu?

Agora que já estou instalada há dois meses e com a casa minimamente organizada, acho que correu bem, mas sei que é o "efeito distância". Como já passou algum tempo parece que não foi o inferno que foi. Tivemos meses para preparar a mudança e sempre dissemos que íamos fazer tudo atempadamente e com calma. Mas, claro, não cumprimos e acabámos a fazer tudo em cima do joelho. E jurei que enquanto me lembrar desta mudança não volto a mudar de casa.

Pesadelo ou mar de rosas?

Foi um pesadelo, mesmo, sobretudo porque mudámos para uma casa com metade do tamanho e tivemos de destralhar mesmo muito. Lembro-me de estar constantemente a dizer ao meu marido que aquilo era uma missão impossível, que jamais conseguiríamos fazer a triagem, encaixotar tudo e mudar para a casa nova. Parecia que as coisas não acabavam, nem nos damos conta da quantidade de tralha que vamos acumulando ao longo dos anos. Como se não bastasse, tinha acabado de ter um bebé. E se fazer mudanças já é mau, mudanças com um bebé é um verdadeiro inferno.

Como é que fez a seleção do que levar consigo e do que deixar para trás?

A única parte boa das mudanças é mesmo essa, é quase como começar de novo. Tentámos só trazer para a casa nova aquilo que era mesmo indispensável mas, por um motivo ou por outro, acabamos sempre por trazer coisas a mais. No nosso caso tínhamos a questão do espaço, por isso tivemos mesmo de praticar o desapego e deixar muita coisa para trás. Tentámos ser racionais, mas uma mudança acaba sempre por ser um processo mais emotivo do que racional.

Quanto tempo demorou até ter tudo pronto para a mudança?

Tenho a ideia que foram anos mas, na verdade, foram poucos meses. Tínhamos um prazo para deixar a casa antiga e só mesmo quando estávamos quase a atingi-lo é que pensámos "bem, se calhar está na hora de começarmos a arrumar tudo". Até aí estivemos, basicamente, a procrastinar. 

Fez uma espécie de checklist?

Não. O meu método era ir arrumando as coisas por divisão. Só quando estava tudo arrumado numa divisão é que passava à próxima. O problema é que achava que um dia por divisão era mais do que suficiente. Pois, não era. Algumas divisões, como a cozinha, levaram quase uma semana. E quanto maior é a casa, pior é.

Na hora de empacotar é que nos apercebemos da quantidade de coisas que temos?

Sim. É quando bate o verdadeiro desespero. E é quando juramos que, dali em diante, vamos ser muito mais comedidos e fazemos uma data de promessas vãs. No meu caso, por exemplo, decidi que de cada vez que comprasse uma nova peça de roupa teria de tirar outra do armário. Ainda não aconteceu. Já entraram várias peças novas cá em casa mas ainda não saiu nada.

Quantas viagens precisou para levar tudo?

Como a casa nova já estava pronta há algum tempo, pudemos ir fazendo as mudanças gradualmente. À medida que íamos enchendo caixotes íamos levando-os para a casa nova. No dia da mudança grande basicamente já só faltavam os móveis, o camião teve de fazer duas viagens.

Costuma preferir quantidade ou qualidade?

Qualidade, sem dúvida. Cada vez mais prefiro apostar em peças versáteis, intemporais, de qualidade, que possa usar durante muito tempo. Mas claro que também vou acabando por comprar outras coisas pelo caminho.

Qual é a maior pechincha que tem no armário?

Talvez duas camisolas de caxemira que comprei num outlet americano. Estavam marcadas a 300 dólares e comprei por uns 30 ou 40.

Quantas vezes vai ao shopping por mês?

Não há uma periodicidade definida nem saio de casa propositadamente para ir às compras, a menos que precise mesmo de alguma coisa. Se ando na rua e passo por alguma loja que me interesse, entro para espreitar. Mas isso nem sempre se traduz em compras.

É capaz de sair sem comprar nada?

Sim, acontece inúmeras vezes. Há aqueles dias em que até entramos numa loja mas, simplesmente, não estamos virados para fazer compras ou já sabemos que vamos odiar tudo o que experimentarmos.

Quanto é que é capaz de gastar numa peça?

Depende muito da peça. Não gasto muito em roupa, a menos que seja uma peça melhor, tipo um casaco. De resto, acho que a moda muda demasiado depressa, fartamo-nos rapidamente daquilo que vestimos, por isso não me faz muito sentido gastar uma fortuna em peças que, provavelmente, só irei vestir nessa estação. Também já não dou muito dinheiro por sapatos, caí nesse erro duas ou três vezes. Os sapatos mais caros que tenho são também os mais desconfortáveis e estragam-se num instante na calçada portuguesa, por isso não vale a pena. Onde perco mais a cabeça é mesmo com carteiras, mas sei que são peças que vão durar para a vida e que poderei passar à minha filha quando for crescida.

Qual a peça mais cara que tem no armário?

Uma carteira Chanel.

Costuma ter peças por estrear até com etiqueta no armário?

É a história da minha vida. E é o problema de ter demasiada coisa no roupeiro, às tantas já nem sabemos bem o que está para lá. E continuamos a comprar mais. O meu sonho era ter um guarda-roupa minimalista, composto apenas por óptimas peças, que me assentassem lindamente, que combinassem todas entre si e que eu pudesse usar pela vida fora. Mas, para já, estou mais na fase de abrir a porta dos armários e correr o risco de ficar soterrada debaixo de tanta roupa. Mas ainda não perdi a esperança de inverter a situação. Duas vezes por ano faço vendas com tudo aquilo que já não uso e é aí que me dou conta que tenho inúmeras peças que usei uma ou duas vezes, ou mesmo a estrear. Tento aplicar a máxima de "se não usei no último ano então é para ir à vida". Isto tem-me ajudado a manter alguma ordem, mas ainda estou muito longe da perfeição.

Podemos saber quantas calças de ganga, sapatos, biquínis e malas encontramos no seu armário?

Não faço ideia. Teria de ir contar, precisava de uns quinze dias de férias para essa tarefa. Mas já tive muito mais, garanto.

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