Cristina Ferreira divulgou um excerto da conversa e confessou que foi a entrevista que, até à data, "mais a atormentou":"Foi tão difícil para mim digerir tudo aquilo que ela me disse. Ver o sofrimento constante nos olhos da Sónia [...] Aliás, as memórias que tenho desta entrevista são o olhar da Sónia, de tudo aquilo que ela me disse. [...] Mais uma vez, agradeço a profunda confiança, porque ela esteve calada, durante anos.
"A minha primeira memória é, ainda, dentro da casa. Lembro-me de uma dor tão forte que quase não consigo memorizar. E só queria que não me tocassem, porque tudo me doía. Doía-me tudo, até a alma me doía. Lembro-me de um bombeiro querer aproximar-se de mim, eu dizia que não queria, e depois apaguei, que foi quando me induziram em coma", partilhou Sónia Brazão, no excerto partilhado pela apresentadora .
Com 92,8% do corpo queimado, a atriz "tinha dores até a respirar": "Só comecei a ver o meu corpo queimado, algum tempo depois, [...] Até para abrir os olhos, tive que pedir para me abrirem os olhos. Ninguém imagina o que é uma Unidade de Queimados... as membranas [dos olhos] colavam."
"Todos os movimentos que eu fiz, tive que reaprendê-los. Reaprender a andar, a escrever...", acrescentou.
"O normal é fazer-se excertos. Eu não tinha pele para fazer excertos [...] Portanto, das duas uma, ou a pele voltava a crescer ou eu morria", explicou.
"Os meus médicos foram os meus grandes defensores, judicialmente, fisicamente e moralmente [...] Não tinha consciência do que se passava cá fora"
Quanto às marcas no corpo, Sónia Brazão disse: "Vem-me à memória uma vitória, não uma derrota."